Publicidade
Notícias | Região VALE DO SINOS

Despachante e vistoriador de CRVA cobravam propina para liberar carros com pendências; entenda o esquema

Dupla que atuava em Novo Hamburgo e São Leopoldo foi presa em operação nesta quarta-feira (14) por suspeita de corrupção ativa e passiva

Publicado em: 14.06.2023 às 12:15

Um despachante que atuava em Novo Hamburgo e um ex-vistoriador veicular do Centro de Registro de Veículos Automotores (CRVA) de São Leopoldo foram presos preventivamente nesta quarta-feira (14) em uma operação da Polícia Civil no Rio Grande do Sul.

Despachante de Novo Hamburgo e ex-vistoriador do CRVA de São Leopoldo são presos em operação
Despachante de Novo Hamburgo e ex-vistoriador do CRVA de São Leopoldo são presos em operação Foto: Polícia Civil

O despachante foi preso em Esteio, e o ex-funcionário do CRVA foi detido em Novo Hamburgo. Segundo o delegado Augusto Zenon de Moura Rocha, a dupla era beneficiada financeiramente com um esquema que liberava veículos com irregularidades. O delegado afirma que eles adulteravam laudos veiculares. "Em alguns casos, eles pediam para os proprietários valores para liberar mais rápido."

Conforme o delegado, o despachante atendia em um escritório no bairro Pátria Nova, já o funcionário do CRVA de São Leopoldo havia sido afastado do cargo há um mês.


Além dos dois mandados de prisão preventiva, foram cumpridos dois mandados de busca e apreensão nesta manhã em Novo Hamburgo e São Leopoldo, nas residências dos investigados e no CRVA em que um dos detidos atuava. Foram apreendidos R$ 10 mil, duas armas e documentos.

A partir desses materais, a Polícia apura se outros funcionários do CRVA podem estar envolvidos com crimes de corrupção ativa e passiva.

A reportagem tentou contato com o CRVA de São Leopoldo por telefone, mas as ligações não foram atendidas. O espaço segue aberto para manifestação.

Investigação começou após denúncia

De acordo com o delegado, a investigação começou após uma denúncia encaminhada pela Corregedoria do Departamento de Trânsito do Rio Grande do Sul (DetranRS) sobre o caso de um comprador do Paraná, que adquiriu um Toyota Hilux do Rio Grande do Sul.

Ao dar entrada no processo de transferência de propriedade do veículo, ele foi orientado pelo Detran de seu Estado a procurar o DentranRS para regularização, por conta de problemas no documento de origem. 

Buscando solucionar a questão, o comprador, então, fez contato com o antigo proprietário do carro, morador de Novo Hamburgo, e o enviou uma vistoria lacrada que providenciou junto a um CRVA do Paraná para ser validada em um CRVA gaúcho. Esse documento é uma avaliação feita no veículo quando ele está em circulação fora do município de emplacamento, sem possibilidade de realização de vistoria diretamente no Detran de origem.

Com o envelope lacrado em mãos, o vendedor gaúcho procurou um CRVA de Novo Hamburgo para regularizar o Toyota Hilux, mas não conseguiu. O motivo não foi informado pela Polícia Civil. Após a negativa, ele procurou o despachante, que fez um orçamento para a realização de um serviço "por fora", que consistia na correção de dados e troca das placas. O esquema também envolvia pagamento adicional a funcionário de CRVA para obtenção da regularização veicular.

O comprador do Paraná foi contatado pelo despachante, não aceitou entrar para o esquema e fez a denúncia.

Primeira fase da operação Galézia

Em uma primeira fase da operação, mandados de busca e apreensão foram cumpridos na casa e no escritório do despachante. Na residência, foi encontrado um celular. No aparelho, a Polícia encontrou mensagens de áudio e texto trocadas entre o despachante e o ex-vistoriador.

Além do caso denunciado, a Polícia identificou transferências por Pix do despachante para o funcionário do CRVA, que comprovam que eles cometeram o crime outras vezes. A dupla tinha, inclusive, uma conta conjunta para depositar os valores que conseguiam com o esquema de corrupção.

Publicidade
Matérias relacionadas
Botão de Assistente virtual