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Orgulho LGBTQIA+: junho para celebrar conquistas e reivindicar respeito e direitos

Programações em Sapucaia do Sul e Portão serão realizadas nos próximos dias

Publicado em: 16.06.2023 às 11:31 Última atualização: 16.06.2023 às 11:39

No próximo dia 28 de junho comemora-se o dia internacional do orgulho LGBTQIA+. A data, criada na década de 1960, busca dar voz e visibilidade a uma parcela da população que até hoje luta para ter respeitados direitos básicos e fundamentais do ser humano: à vida e à integridade.

Paradas pelo País buscam defender o cumprimento da lei e seus direitos de cidadãos
Paradas pelo País buscam defender o cumprimento da lei e seus direitos de cidadãos Foto: Acervo Pessoal

Segundo o dossiê de mortes violentas contra LGBTQIA+ no ano passado foram 273 mortes de membros da comunidade no Brasil: destas 228 foram assassinatos, 30 suicídios e 15 de outras causas. De acordo com o levantamento, o Brasil assassinou um LGBTQIA+ a cada 32 horas em 2022.

O material, divulgado em maio deste ano, é resultado de um esforço coletivo de produção e sistematização de dados sobre a violência e a violação de direitos de pessoas lésbicas, gays, bissexuais, travestis, mulheres e homens trans, pessoas transmasculinas, não binárias e demais dissidências sexuais e de gênero.

Na região, mesmo não havendo uma tabulação de dados que reflita, ainda que parcialmente, o cenário da violência contra a população LGBTQIA+, o tema ainda é um dos grandes temores de quem se identifica com a sigla. Moradora de Sapucaia do Sul, a professora de Inglês, Jéssica Andrade, 37 anos, diz evitar andar de mãos dadas com a namorada na rua e evita deixar transparecer sua orientação sexual. “Não é por vergonha, é por medo mesmo”, frisa.

“Já fomos xingadas e quase agredidas uma vez por estarmos abraçadas dentro do trem. Desde então, não demonstramos afeto na rua, e evitamos até mesmo usar roupas e acessórios nas cores da bandeira do orgulho LGBTQIA+”, conta.

Desafios 

Eleita Miss Brasil Trans em 2022, a leopoldense Luanna Isabelly, 28 anos, aponta o combate a violência como um dos principais desafios da comunidade. “Nossos medos são a falta de cumprimento das leis e a violência, que nos mata todos os dias. É complicadíssimo ser um LGBT no Brasil. Nosso maior desejo é de ser quem somos e andar em uma sociedade mais livre de preconceito e com mais oportunidade”, destaca.

“Um direito básico que é garantido a todo o ser humano nós não temos: o de sair nas ruas com total segurança de que a nossa diversidade e a nossa pluralidade vai ser respeitada, e não vai estar causando ódio a pessoas que, talvez, por não ter informação tenham instalado na mente um 'pré-conceito' sobre os LGBTs”, frisa Luanna.

Ocupando espaços

Luanna Isabelly
Luanna Isabelly Foto: Acervo Pessoal
Para a Miss Brasil Trans, apesar de todas as dificuldades e medos ainda enfrentados, a comunidade LGBTQIA+ tem motivos para comemorar. “Hoje os LGBTs ocupam todos os espaços na sociedade, de uma forma gradual, ainda muito pequena, mas já temos acesso a diversos lugares que a gente nunca imaginou estar. Hoje estamos na política, nas universidades, nos hospitais, no comércio. É, sim, uma data para celebrar, para comemorar o orgulho da existência da nossa comunidade e, principalmente, celebrar e se orgulhar das conquistas que alcançamos nos últimos anos”, analisa.

Região com programação especial

A data será tema de, pelo menos, dois grandes eventos na região. Um deles ocorre neste domingo (18), em Sapucaia do Sul. Na cidade, a 7ª Parada da Diversidade acontece a partir das 15 horas, em frente à Prefeitura. A programação, organizada pelo coletivo Sapucaia Sem Homofobia, tem o apoio da Secretaria de Cultura e Turismo e contará com diversos shows, apresentações musicais, artísticas e culturais.

“Desde 2014 acontece a parada na cidade e sentimos que o evento só aumenta, demonstrando que a população tem vencido barreiras. Na consequência, Sapucaia do Sul vai se construindo para acabar com a discriminação”, aponta o coordenador no Coletivo Sapucaia Sem Homofobia, Douglas Butzke.

Em Portão, no dia 25 acontece o 2º Encontro da Diversidade. Desde 2021, a comemoração pelo dia da diversidade faz parte do calendário oficial de eventos da cidade por meio da lei 2.886. A programação especial, que contará com show de talentos e apresentação do espetáculo musical “O tempo não para”, da companhia Luz & Cena, ocorrerá a partir das 14 horas, no Centro de Atividades Lothar Kern.

“O diferente nos desacomoda. Aquilo que não compreendemos nos parece no primeiro momento como incorreto. No entanto, as diferenças existem e precisamos respeitar. O respeito traz uma convivência pacífica com as variedades de comportamento, religião, cor e gênero. O respeito permite que a sociedade viva em paz, numa convivência saudável, assentada em consideração, solicitude e civilidade e o objetivo do evento é mostrar que os diferentes podem conviver quando há respeito”, pontua um dos organizadores da programação, Isaque Mattos.

São Leopoldo tem comitê técnico

Em São Leopoldo, em julho de 2022 foi instituído o Comitê Técnico de Saúde da População LGBTQIA+ . O trabalho do comitê tem como base a educação permanente no que diz respeito à política de saúde, acolhimento e as especificidades da população LGBT.

“A demanda para iniciar este trabalho veio com a proposta da sociedade civil para construção de um ambulatório especializado para o atendimento, que é também uma das metas do plano municipal de saúde 2022-2025”, explica a coordenadora do comitê, Simone Brum.

Segundo ela, o comitê, que é vinculado à diretoria de políticas públicas de saúde, na Secretaria Municipal de Saúde, realiza formações com os trabalhadores e planeja atividades nas quais são abordados temas pertinentes à melhoria do atendimento à população LGBT.

“É um espaço de discussões e trabalho na direção da implantação da política e melhoria do atendimento da população LGBT, respeitando as especificidades de cada um e acolhimento adequado às demandas de saúde, em todos os níveis”, completa.

Origem da data

O Dia do Orgulho LGBTQIA+ foi criado e é celebrado em 28 de junho em homenagem a um dos episódios mais marcantes na luta da comunidade LGBTQIA+ pelos seus direitos: a rebelião de Stonewall Inn.

Em 1969, a data marcou a revolta da comunidade contra uma série de invasões da polícia de Nova York aos bares que eram frequentados por homossexuais, que eram presos e sofriam represálias por parte das autoridades. A partir deste acontecimento, foram organizados vários protestos em favor dos direitos dos homossexuais por várias cidades norte-americanas.

A 1ª Parada do Orgulho Gay, como era denominada na época, foi organizada no ano seguinte,1970, para lembrar e fortalecer o movimento de luta contra o preconceito. A “Revolta de Stonewall Inn” é tida como o “marco zero” do movimento de igualdade civil dos homossexuais no século XX.

A sigla

A sigla GLBT começou a ser usada no Brasil em 1993. Em 2008, o termo passou a ser o LGBT, agregando outras orientações sexuais com o tempo. Hoje, LGBTQIA + significa: Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Queer, Intersexuais e Assexual. O sinal de + abrange outras outras identidades de gênero e orientações sexuais que não se encaixam no padrão cis-heteronormativo, mas que não aparecem em destaque antes do símbolo, como pansexuais.  

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