Quadrilha sequestrava e torturava homens gays no Vale do Sinos
Operação policial desbarata grupo que atraiu pelo menos oito vítimas ao cativeiro por meio de sites de relacionamento
Uma quadrilha do Vale do Sinos usava sites de relacionamento para sequestrar homens gays. O grupo, desbaratado na manhã desta segunda-feira (19) pela Polícia Civil, fez pelo menos oito vítimas nos últimos três meses. Uma delas, submetida a sessões de tortura no cativeiro, foi obrigada a pagar cerca de R$ 100 mil aos criminosos.
Segundo o delegado de Campo Bom, Rodrigo Camara, a quadrilha tinha três cativeiros na cidade. “Nesses locais, as vítimas ficavam amarradas em um quarto, sentadas em uma cadeira de praia e viradas para a parede. Sofriam muita violência psicológica. Algumas referem que estão traumatizadas”, observa Camara, que coordenou a operação.
Quatro sequestradores, moradores de Campo Bom, foram capturados no início da manhã por meio de mandados de prisão preventiva. Cada um em casa, nos bairros Metzler, Operária, Aurora e Centro. Um envolvido não foi encontrado. Foram apreendidos celulares, cartões bancários, um revólver calibre 32 e três carros - Polo, Punto e Spacefox.
O delegado frisa que a operação contou com apoio de agentes de Sapiranga, Estância Velha, Ivoti, Dois Irmãos, Novo Hamburgo e São Leopoldo. Camara salienta que a investigação continua no sentido de identificar e prender outros membros da quadrilha, entre eles os que receberam dinheiro em conta. “Também seguimos atrás do que está foragido.”
Criminosos marcavam encontros com perfis falsos
Com perfis falsos, o bando atraía interessados em relacionamento homoafetivo. Assim que chegavam a Campo Bom para o encontro, as vítimas eram rendidas por homens armados e levadas ao cativeiro. Algumas chegaram a ficar 22 horas em poder dos sequestradores. Eram obrigadas a informar as senhas dos aplicativos bancários e dos cartões de crédito. Também sofriam ameaças de morte para fazer transferências bancárias. Com os cartões, segundo o delegado, os criminosos chegaram a fazer compras no comércio local.
O delegado estima que a quadrilha tenha faturado mais de R$ 250 mil com as oito vítimas identificadas até o momento. A faixa etária delas, segundo ele, vai dos 20 aos 40 anos. "A maioria é do Vale do Sinos, mas há vítimas de outras regiões", diz o delegado.
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Para não cair em armadilhas, a orientação da Polícia é buscar o maior número de informações sobre a pessoa com quem está se relacionando virtualmente. E, no primeiro encontro, escolher ambiente público e movimentado.
Informações à investigação de Campo Bom podem ser passadas anonimamente para o WhatsApp (51) 98401-3237.