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Notícias | Região INQUÉRITO CONCLUÍDO

Donos de camping onde uma pessoa morreu após queda de ponte pênsil são indiciados

Caso aconteceu em 12 de fevereiro e vitimou Gilmar Dias, de 50 anos. Quatro familiares da vítima também atravessavam a estrutura e ficaram feridos

Publicado em: 22.06.2023 às 17:28 Última atualização: 22.06.2023 às 17:47

O inquérito policial sobre a queda de uma ponte pênsil em um camping de Sapiranga, que aconteceu em 12 de fevereiro deste ano e causou a morte de Gilmar Dias, de 50 anos, foi concluído. Conforme a Polícia Civil, o documento, que indicia duas pessoas, foi remetido para a Justiça em 16 de junho.

Ponte pênsil em camping de Sapiranga
Ponte pênsil em camping de Sapiranga Foto: Polícia Civil

O caso aconteceu no Camping Paraíso Verde, na Estrada São José Santa Maria do Herval, localidade de Picada Verão. Na ocasião, Gilmar e outros quatro familiares, moradores da cidade, atravessavam a ponte sobre um riacho quando a estrutura despencou. Segundo o relato de testemunhas na época, após os cabos arrebentarem, todos caíram sobre uma área de pedras. 


Gilmar faleceu por traumatismo cranioencefálico. Os sobreviventes  — duas mulheres, de 19 e 21, e dois homens, 23 e 27 anos — tiveram traumatismos diversos e foram levados para receber atendimento no Hospital de Sapiranga. Um deles chegou a ficar em estado grave, contudo, todos tiveram alta hospitalar pouco tempo depois. 

Laudo pericial

De acordo com o laudo do Instituto-Geral de Perícias (IGP), a principal causa do desabamento foi o avançado grau de corrosão em que se encontravam os cabos de aço que sustentavam a estrutura. Isto teria gerando uma seção transversal com capacidade de carga inferior. Assim, os arames que formavam os cabos tiveram a resistência diminuída, até o ponto de rompimento.

Ponte pênsil em camping de Sapiranga
Ponte pênsil em camping de Sapiranga Foto: Polícia Civil

À isso, a investigação da Polícia Civil, comandada pelo delegado Clóvis Nei da Silva, destaca que houve falta de manutenção adequada por parte do estabelecimento. Conforme exposto no inquérito, o problema poderia ser identificado durante uma inspeção de rotina feita por profissional qualificado.

Além disso, a passarela não possuía projetos de engenharias e a ligação entre os barrotes, feita por tábuas de madeiras, era deficiente e precária, de acordo com o laudo. Os barrotes transversais apoiavam os longitudinais diretamente sobre os cabos de aço, sem travamento que impedisse a movimentação dos tirantes no sentido transversal. 

Também não havia, nas cabeceiras da passarela, placas indicativas de carga ou lotação máxima da estrutura.

Conforme apontado pelas apurações, não houve manutenção nos cabos de aço que sustentavam a estrutura. 

Indiciados

Após o resultado da perícia, a investigação policial apontou como responsáveis pelo acidente o casal proprietário do estabelecimento, "haja vista a negligência evidenciada na manutenção da passarela". O homem, de 37 anos, e a mulher, de 31 anos, foram indiciados por homicídio culposo (quando não há intenção de matar) e quatro lesões corporais.

Sem autorização para funcionamento

Na época, a prefeitura de Sapiranga chegou a afirmar que realiza fiscalizações periodicamente, conforme a abertura de espaços como o camping, e que o Paraíso Verde não possuía regularidade. De acordo com o que informou a administração municipal, a cidade "possui uma área rural extensa e muitas propriedades acabam abrindo para visitação por conta própria".

O local foi interditado pela Polícia Civil desde a data. A prefeitura explica que em situações em que um lugar não tem autorização para funcionamento, é dado um prazo para que seja feita a regularização. Somente após esse prazo é que ocorre a interdição pela fiscalização.

*Colaborou: Ubiratan Júnior, Joyce Heurich e Kassiane Michel

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