BIFES PARA XIS: Distribuidora clandestina de Canoas tinha mais de 100 clientes na região

A distribuidora onde foram apreendidas mais de meia tonelada de carnes estragadas e impróprias para consumo, tinha mais de 100 clientes na região metropolitana. Segundo a médica veterinária Raquel Cannavô, fiscal na Secretaria Estadual de Agricultura e Pecuária, não é possível identificar exatamente quem são os compradores. “Não há uma identificação clara, eram nomes aleatórios.”

As mais de meia tonelada de carnes confiscadas na terça-feira (27), em uma residência do bairro Igara, em Canoas, eram utilizadas para produzir bifes de xis e hambúrguer. Durante a ação, que contou com a participação da Delegacia de Proteção ao Consumidor (Decon), Vigilância Sanitária de Canoas, além de equipes da Secretaria Estadual de Agricultura e Pecuária, foi constatado que se tratavam dos mesmos proprietários de outra apreensão, realizada no mês de março. “Eles apenas trocaram de lugar e desta vez eram completamente clandestinos, não possuíam alvará.”

A única diferença está no nome da pessoa autuada. “Em março foi um homem, desta vez foi a esposa dele. Isso significa que não podem ser enquadrados por reincidência.” Além desta situação, ninguém foi preso pela falta do flagrante. “Eles não estavam no local durante a fiscalização.” Conforme a delegada Caroline Jacobs, titular da Decon, um inquérito policial foi aberto para apurar os fatos. “Estamos investigando.” A dupla já foi identificada e notificada, no entanto, os nomes não podem ser divulgados pela Polícia Civil e órgãos fiscalizadores.

“O cheiro era insuportável e haviam muitas moscas e larvas”, diz fiscal

Presente no dia da ação, Raquel afirmou que o local era completamente insalubre. “O cheiro era insuportável e haviam muitas moscas e larvas.” Os insetos inclusive estavam dentro de algumas máquinas. “Abrimos um moedor de carne e saíram moscas de dentro.”

Em outro ponto da casa de dois andares utilizada como fábrica, foi achado um tonel infestado de larvas. “Era sujeira e sangue para todos os lados.”

Carne de cabeça e miúdos

Outro ponto alertado pela médica veterinária, foi em relação aos cortes utilizados para a produção dos bifes. “Eram usadas carnes de cabeça e pescoço, isso não pode. Encontramos também miúdos como coração de porco, o que também é proibido.”

Raquel explica o motivo das proibições. “A cabeça do boi é muito propícia a bactérias. Até pela forma de abatimento. Ela só pode ser usada em hambúrgueres pré-cozidos, porque as bactérias foram eliminadas no processo”, completa.