Rachas de motos em avenida de São Leopoldo causam insegurança e incomodam moradores

"Um verdadeiro inferno." É dessa forma que um morador do bairro São Miguel, em São Leopoldo, resume o que tem se tornado a vida de quem reside no bairro aos fins de semana. O motivo da reclamação são os recorrentes rachas de motos, realizados nos fins de semana no trecho recentemente pavimentado e revitalizado da Avenida Dom João Becker.

Os encontros, que reúnem dezenas de participantes, acontecem sempre nas tardes de sábado e aos domingos. "Eles adotaram a avenida como ponto para a prática e desde então os moradores não têm mais um dia de paz. Não só pelo barulho ensurdecedor, mas também pela falta de segurança. Estamos desesperados e não sabemos mais a quem recorrer", desabafa o morador do bairro São Miguel, que pede para não ser identificado.

Mudança

Outro morador, que também prefere não revelar o nome, conta que a situação fez com que ele e a esposa decidissem procurar outro lugar para viver.

"Viemos para cá em 2015, e escolhemos a região justamente por ser tranquila, mas agora já estamos buscando um outro imóvel para nos mudarmos daqui. Está insustentável. Eles passam empinando a moto, quase provocam acidentes", conta. "Costumávamos fazer caminhadas na pista revitalizada e agora não usamos mais a rua para lazer. E quando preciso sair de carro, faço a volta e acesso a BR-116, para evitar passar por eles", completa.

Perfil

Entre os participantes dos rachas, os moradores dizem identificar muitos menores de idade e veículos sem placas.

Em um perfil no Instagram e que conta com mais de dois mil seguidores, os organizadores dos rachas publicam fotos e vídeos das corridas e manobras realizadas na avenida e divulgam os eventos, denominados de "Domingrau". O próximo deles, a quarta edição, está programado para acontecer neste domingo (20), a partir das 15 horas. A reportagem não conseguiu contato com os administradores do perfil.

Operações

Comandante do 25.º Batalhão de Polícia Militar (25.º BPM), o tenente-coronel Alexandro do Nascimento Goi conta que ações estão sendo feitas para coibir a prática de rachas e identificação e responsabilização dos participantes.

"Temos realizado operações diárias com efetivo do policiamento ostensivo ordinário e das frações especializadas e também operações específicas nos finais de semana junto com a Guarda Municipal. Além disso, estamos fazendo um trabalho de inteligência para identificar estes indivíduos", pontua o comandante.

Guarda estuda formas de atuação de caráter preventivo

Por meio de nota, a Guarda Civil Municipal informou que faz operações no local para coibir a prática de rachas e malabarismo com motocicletas e se mantém atenta sobre este tipo de ocorrência no local. “Há uma semana foi realizada uma operação no local onde foram abordados 37 veículos, destes foram recolhidos dois automóveis e quatro motocicletas”, informa o texto.

O diretor-geral da GCM, José Carlos Pedrozo, destaca que estão sendo estudadas formas de atuação de caráter preventivo, porque as ações repressivas são importantes, porém têm um custo muito alto, como mobilizar todo o efetivo, por exemplo.

“É muito complicado fazer operações de forma mais seguida devido a demanda de outras situações nos mais diversos pontos da cidade. A ideia é realizar uma ação mais eficaz com uma mobilização mais simples”, afirma.

Infração gravíssima

De acordo com o artigo 244 do Código de Trânsito Brasileiro, conduzir motocicleta, motoneta e ciclomotor fazendo malabarismo ou equilibrandose apenas em uma roda é infração gravíssima com penalidade de multa de R$ 293,47 e suspensão de dirigir. Como medida administrativa, prevê-se a retenção do veículo até a regularização e recolhimento do documento de habilitação.