Prêmios e carreira internacional: o gaúcho que vive o sonho americano

Muitos têm o sonho de sair do Brasil e ir morar nos Estados Unidos. Até 2019, Daniel Vettorazi não imaginava que sua vida mudaria tanto.

Gramadense, ele se formou em Publicidade, na ESPM, em Porto Alegre. Desde 2009, o jovem, de 35 anos, estudava novas narrativas, tecnologias e queria desenvolver ideias inovadoras.

Começou a trabalhar com realidade aumentada e criou sua própria impressora 3D. "Comprei as peças, estudei como montar, fiz a programação. Na época era caro para importar", relembra.

Mas há quatro anos, passou em uma entrevista e Los Angeles se tornou sua nova moradia. Desde então, trabalhou para uma produtora, que fazia trabalhos para a Meta - responsável pelo Facebook e Instagram -, Google, Disney, entre outros.

"Na produtora, fiquei um ano e meio trabalhando para Face e Insta. Praticamente todos os filtros foi eu quem fiz na época, queria pegar o máximo possível", frisa, orgulhoso.

Como ele brinca, com o "inglês que aprendeu na Netflix", durante a pandemia teve a oportunidade de entrar e trabalhar diretamente na Meta. "Eu tinha muitas ideias, então nos hackathons eu soltava e tu ia subindo de níveis, até chegar ao topo, com a presidência e diretoria", comenta.

Daniel venceu três e teve a oportunidade de se reunir com o criador, Mark Zuckerberg, e com Chris Cox, CPO da Meta. "Foi uma maluquice, com toda uma preparação. Ele é quase um apresentador, e é uma reunião bem especial. Levaram adiante, patentearam a ideia que apresentei. Acredito que deve ser lançado em breve. No Horizon, tu coloca o óculos, e tem pessoas, andando numa praça, entrando em lojas. E minha ideia era fazer um sistema de criar roupas para esse mundo virtual, com o uso também do e-commerce", diz.

Daniel também participou de projetos para o Quest Pro, óculos de realidade aumentada, assim como da campanha de Copa do Mundo em parceria com a Fifa.

Inteligência artificial veio para ficar e será o futuro?

O assunto no Brasil nos últimos meses envolveu o ChatGPT, uma plataforma de inteligência artificial. Entre os debates, se a tecnologia veio para ficar, se acabaria com profissões e a criação de outras.
Para Daniel, que trabalha com o setor há pelo menos 15, assim como com realidade aumentada, muitas diretrizes ainda devem ser pensadas. "Não sei até onde vai. É algo que me deixa acordado, pensando até onde pode ir. Mas compararia com a Internet, por exemplo. Ela foi evoluindo com o tempo, e também se tinham dúvidas. Ninguém imaginava o cenário que teríamos hoje", justifica o profissional, que usa I.A em seus projetos.

Carinho especial pela Serra gaúcha

O creative technologist ficará até final de agosto na casa que possui em Gramado. A visita para encontrar familiares e amigos foi possível, mas dessa vez, sem a esposa e a bebê. "Logo que fui para Los Angeles, veio a pandemia. Então só consegui voltar ao Brasil no final do ano passado", relembra. O intuito do trio é vir duas vezes ao ano.

Visto diferenciado para entrar no país

Quando Daniel recebeu a proposta para trabalhar nos Estados Unidos, ele teve um mês para arrumar as malas junto da esposa. "Essa tinha sido a primeira reunião que fiz em inglês", conta.

Por já ter prêmios e artigos publicados no Brasil, o profissional obteve um visto especial, o O-1, que é apelidado de "Visto de Gênio". Ele é concedido a pessoas que possuem habilidades especiais, que possam contribuir em relação ao país. Artistas como Adele e Justin Bieber e a cantora Anitta têm essa entrada diferenciada.

O "Oscar da Internet" com série da HBO

O gaúcho quis aproveitar todas as oportunidades e descreve como ele se sentia ao estar em solo americano. "Eu trabalhava do início da manhã até o final da noite, eu queria aproveitar todas as oportunidades", revela.

Em 2020, utilizou inteligência artificial na produção das animações dos desenhos do trailer da série Between the world and me, da HBO. Um trabalho que poderia levar até dois meses resumiu-se em duas semanas. O resultado foi um Webby Awards, de "Melhor Trailer" - premiação considerada o "Oscar da Internet".

O trailer ganhou ainda mais destaque pelo tema do seriado tratar desigualdade social e ocorrer próximo ao período da morte de George Floyd. A produção foi compartilhada até pelo ex-presidente americano, Barack Obama.