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Notícias | Rio Grande do Sul Infraestrutura

Obras do novo porto marítimo em Arroio do Sal estão previstas para começar em janeiro

Empresas russas prometem realizar investimento de R$ 3,5 bilhões no empreendimento, que deve gerar 25 mil empregos diretos e indiretos, reduzindo custos e aumentando a competitividade

Por Adair Santos e Amilton Belmonte
Publicado em: 29.08.2020 às 06:00 Última atualização: 29.08.2020 às 11:13

Uma das principais vantagens está na redução das distâncias, pois Arroio do Sal está a 170 km de Porto Alegre, percurso bem menor que os 310 km de Rio Grande Foto: Inezio Machado/GES
Investimento inicial de R$ 3,5 bilhões e 25 mil empregos diretos e indiretos gerados. Números impressionantes de um dos maiores investimentos da história recente do Rio Grande do Sul, o Porto Litoral Norte S/A, previsto para começar a ser construído em janeiro em Arroio do Sal. A estimativa é que esteja operando em três anos, mas já enche de expectativas moradores locais e empresários de diversas regiões. A redução das distâncias e dos custos com frete, bem como o consequente aumento da competitividade, são os principais ganhos proporcionados pelo empreendimento.

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) estima que 15,4% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil é gasto com logística. Percentual que no setor calçadista gaúcho atingiria 14%, o equivalente a 7,2% do faturamento das empresas. E reduzir significativamente esse custo é uma das promessas do complexo portuário. O enredo político para a obra avançou em gabinetes de Brasília e do Rio Grande do Sul nos últimos anos, evoluindo para o campo dos estudos técnicos e da prospecção de investidores internacionais, concretizando-se com o anúncio de aporte financeiro pelas empresas russas. No último dia 14, empresários brasileiros responsáveis pelo projeto do porto apresentaram oficialmente a iniciativa à prefeitura de Arroio do Sal.

De característica privada, o modal marítimo agrada a indústria calçadista do Vale do Sinos e deve mexer profundamente nas planilhas de custos do setor. Segundo dados da Associação Brasileira das Indústrias de Calçado (Abicalçados), US$ 185,3 milhões, ou 41,3% de tudo que foi exportado pelo segmento em 2019, ocorreu por via marítima. A principal vantagem do novo porto estaria na diminuição de custos logísticos, permitindo aumento da competitividade. "O ganho de logística seria imenso: em carga, no barateamento de custos. Além disso, a concorrência vai se obrigar a oferecer um serviço melhor e com menor custo", prevê o presidente-executivo da Abicalçados, Haroldo Ferreira. E aponta um número que materializa o diferencial de Arroio do Sal em relação ao maior porto gaúcho, o de Rio Grande, que respondeu no ano passado por mais de US$ 166 milhões das exportações calçadistas. "Rio Grande está a 370 quilômetros do Vale do Sinos. Até Arroio do Sal, essa distância cairia para 180 quilômetros. Estamos falando, portanto, de uma redução considerável de todo esse custo logístico", exemplifica.

Diretor da Associação Comercial e Industrial (ACI) de Novo Hamburgo, Marco Kirsch opina que, na hipótese de o empreendimento concretizar-se, mudará o cenário das exportações no Estado. "E também se explica pela baixa resolutividade do Porto de Rio Grande, a baixa resposta aos nossos importadores e exportadores, com uma deficiência histórica de serviços em várias esferas", assinala. Para ele, o complexo portuário do litoral norte também enfrentaria a concorrência de Santa Catarina. "Que tem sido mais competente que o Estado nos serviços e na ordem tributária estadual para favorecer a economia", afirma. O porto também abriria um grande campo de oportunidades. "Oportunidades de escolhas para aquelas empresas que querem trabalhar com comércio internacional, que buscam ter essa alternativa dentro e não fora do Rio Grande do Sul, mas que acabam tendo que fazer esse escoamento por Santa Catarina ou São Paulo", conclui Kirsch.

Porto Arroio do Sal infográfico Foto: Alan Machado/GES

Russos investirão R$ 3,5 bilhões no porto de Arroio do Sal

Porto será construído em praoa de Arroio do Sal, Litoral Norte Foto: Inezio Machado/GES
A construção do Porto Litoral Norte, em Arroio do Sal, é um biolionário investimento russo e é gerenciada, no Brasil, por uma empresa que nasceu em Santa Catarina, mas que devido às dimensões do negócio, acaba de transferir-se para Porto Alegre. A Doha Investimentos e Participações S.A. tem ampla experiência no setor, já tendo realizado os projetos de implantação dos terminais portuários de Itajaí.

Os projetos do novo porto gaúcho são ambiciosos: poderá receber os maiores navios do mundo e também as próximas gerações, que não param de crescer em dimensões e capacidade. O diretor administrativo da empresa, o engenheiro Anderson César Leobino, revela, na entrevista a seguir, detalhes do empreendimento que promete alavancar a economia de Arroio do Sal e muitas outras regiões, gerando 25 mil empregos.

Qual o papel dos russos e o que cabe à Doha?
Leobino - Os estudos já começaram há vários anos. Nosso investimento consistiu na compra dos imóveis, custeio dos estudos e desenvolvimento do projeto até chegar a este ponto. O investimento maior será dos russos de Moscou. Em um primeiro momento serão R$ 3,5 bilhões. Nós investimos, até agora, perto de R$ 50 milhões a R$ 60 milhões. Faremos a administração geral, mas sabemos que uma obra deste tamanho não vai ficar com uma só empresa: haverá várias subcontratadas, trata-se de um consórcio.

Qual é o nome da empresa russa?
Leobino - Ainda não tenho a autorização para falar.

Quando terão início as obras?
Leobino - Já estamos começando as obras do escritório, centro administrativo e centro de treinamento, para iniciar a preparação da mão de obra local. A limpeza da área começa na semana que vem e o pesado, o grosso da obra, em janeiro.

E as contratações de mão de obra?
Leobino - Estamos em uma fase de liberações. Quando saírem as primeiras liberações, começam as contratações. Por isso o centro de treinamento é tão importante, pois queremos usar a mão de obra local. Claro que não existe mão de obra tão qualificada para alguns setores, mas vamos recrutar o máximo possível da região, pois um dos objetivos é o desenvolvimento regional. Nosso setor de recursos humanos já está recebendo esses currículos e, com o tempo, irá chamar esses profissionais.

Qual a expectativa de término?
Leobino - Se tudo correr dentro do normal, se não tivermos nenhum tipo de entrave, em três anos estará concluída.

Será o maior do Estado?
Leobino - Não sei s será o maior, mas com certeza será o mais moderno. Mas talvez seja sim um dos maiores da América Latina. Estamos falando de 1.200 metros de cais e 30 metros de calado, que é a profundidade. Este porto está sendo desenvolvido para um dos maiores navios do mundo, que não entra em Rio Grande, não entra em Itajaí e nem na maior parte dos portos do Brasil. Então, o porto já vem para atender à próxima geração de navios, a expectativa de 50 anos para frente.

Qual o papel da União e do Estado nesse projeto?
Leobino - A União e o Estado têm o papel de liberação e isso está bem adiantado: o governador Eduardo Leite já assinou o termo de investimento, liberando o empreendimento. Seremos um TUP, um Terminal de Uso Privado. Por isso, os governos não entram com recursos. Pelo contrário: nós é que entraremos com compensações ambientais em Arroio do Sal.

Haverá algum impacto ambiental?
Leobino - Todo investimento causa, mas em nosso trabalho temos absoluto cuidado e respeito com o meio ambiente, assim como o projeto terá compensação sócio-ambiental.

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