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Nova variante do coronavírus acende alerta para baixa vacinação no Estado

Subvariante da ômicron já chegou ao Rio Grande do Sul, que tem 54,1% da população com esquema vacinal completo

Por Eduardo Amaral
Publicado em: 07.11.2022 às 22:01

A Secretaria de Saúde do Rio Grande do Sul (SES/RS) confirmou no fim da semana passada o primeiro caso de paciente infectado com a variante BQ.1 da Covid-19. O caso é um alerta para o Estado, que tem um índice baixo de pessoas que completaram o esquema vacinal de acordo com a idade. Segundo os levantamentos da própria SES, apenas 54,1% da população tomou todas as doses contra Covid destinadas à sua faixa etária.

Mais de três milhões de pessoas não completaram o esquema vacinal contra a Covid
Mais de três milhões de pessoas não completaram o esquema vacinal contra a Covid Foto: Alisson Moura/PMC/Arquivo


Em paralelo à cobertura vacinal ainda tímida, o número de casos vem crescendo no Rio Grande do Sul nos últimos meses. Atualmente, são 2,7 mil casos, e a taxa de ocupação das UTIs chegou a 81,5%. "Os indivíduos que não estão com as doses de reforço adequadas para a sua faixa vão ter não só uma maior chance de se infectar pelo vírus, mas também de ter uma forma grave e aí sim necessitar de hospitalização", explica o coordenador da Vigilância Genômica no Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), Richard Salvato.

Salvato explica que a nova BQ.1 é uma subvariante da ômicron com maior potencial de infecção e transmissão, o que deixa as autoridades em alerta. "Foi observado em diversos países da Europa e Estados Unidos um aumento dos casos [devido à variante], [indica] uma possível nova onda da doença", salienta o coordenador.

*Com informações de Agência Estado

Atrasos na aplicação

Números do painel de vacinação da SES apontam que mais de três milhões de gaúchos estão com a dose de reforço atrasada. Além disso, outros 658,4 mil estão com a segunda dose em atraso. As cidades com melhor índice vacinal são Barra do Ribeiro, Barra do Rio Azul e Carazinho, todas com índices acima de 100% na aplicação das doses. Novo Hamburgo tem um índice de vacinação de 86,6%.

Já no outro extremo, cidades com pior índice a aplicação das doses, estão Cambará do Sul (58%), Amaral Ferrador (60,1%) e Capela de Santana (63,5%).

Nova variante

Subvariante da Ômicron, a BQ.1 já foi registrada em pelo menos dois estados do país, além do Rio Grande do Sul, o Rio de Janeiro também já teve um caso confirmado. Confira a seguir as principais dúvidas e respostas sobre a no coronavírus.

1. Qual a diferença das novas subvariantes para as anteriores?

As subvariantes são mutações dos coronavírus. A BQ.1, por exemplo, é “descendente” da BA.5, ambas subvariantes da Ômicron. Alguns especialistas dizem que a transmissibilidade da BQ.1 tende a ser maior do que a de outras variantes que já circulam no País. Porém, outros ainda acham cedo para afirmar isso por considerarem os dados preliminares.

Menos protegidas, as pessoas tendem a sentir mais os sintomas quando infectadas por essas variantes. Por isso o aumento na procura por testes de covid-19 e nos resultados positivos. “O que conseguimos ver é que aparentemente essas variantes são mais resistentes aos tratamentos com anticorpos monoclonais (que são os tratamentos disponíveis hoje. As vacinas bivalentes da Pfizer têm a BA.1, a BA.4 e a BA.5 como alvo. Por isso, elas poderiam, em tese, ajudar na prevenção contra a BQ.1, mas não temos nenhuma movimentação até o momento no Brasil para aplicação dessas vacinas”, explica o cientista de sados e coordenador da Rede Análise da Covid-19 Isaac Schrarstzhaupt.

2. Quais os principais sintomas da doença nessa nova onda?

Hoje os sintomas da covid-19 são similares aos da gripe e do resfriado comum. O paciente infectado pode ter coriza, dor de garganta, tosse, dor de cabeça, dor no corpo, cansaço e febre. Sintomas que podem ser combinados ou aparecerem sozinhos, dependendo da gravidade do caso. Especialistas recomendam que as pessoas sintomáticas façam teste de covid-19 para que possam tomar os cuidados corretos de isolamento e, se necessário, de tratamento.Além de ter um tratamento melhor quanto antes descobrir a doença, ao aderir ao protocolo de uso de máscaras, ele não coloca outras pessoas em risco de contaminação.
É recomendado fazer o teste laboratorial pois, diferente dos autotestes de farmácia, eles notificam os resultados ao governo, colaborando paro monitoramento e o avanço da doença no País.

3. Precisa voltar a usar máscara?

Segundo o infectologista, professor e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia Alexandre Naime Barbosa, neste momento, a recomendação é de que as pessoas façam uma avaliação individual de risco e adotem cuidados baseados na sua condição de saúde. A orientação é de que idosos acima de 75 anos, pessoas que passaram por transplante de órgão recente, pessoas com doença de lúpus e imunossuprimidos, em geral, evitem aglomerações e utilizem máscaras sempre que tiverem contato com outras pessoas.
Pessoas com condições de saúde normais e que não são idosas devem usar máscara apenas em ambientes fechados, com aglomeração e sem circulação de ar. Se infectadas, devem utilizar máscaras sempre que saírem de casa e/ou tiverem contato com outras pessoas.

4. As vacinas já aplicadas protegem contra essa nova variante?

As vacinas contra covid-19 já administradas (Pfizer, AstraZeneca, Coronavac etc) têm proteção contra a nova variante, mas o nível de eficácia é menor. Segundo a OMS, o risco de reinfecção (pegar covid-19 de novo) pode ser mais elevado com a BQ.1 e a XBB.
Conforme o material genético do coronavírus sofre mutações, vão aparecendo mais variantes (novas versões do vírus, com algumas diferenças em relação à original). Dessa forma, a vacina que foi desenvolvida com base em uma variante anterior não tem eficácia tão alta contra essa nova variante.
O microbiologista e especialista em desenvolvimento de vacinas Victor Cioffi explica que a vacina e o vírus funcionam como uma chave e uma fechadura: quando a fechadura sofre algum tipo de deformação, a chave passa a não encaixar tão bem quanto encaixava originalmente. Por isso, é importante tomar todas as doses de reforço da vacina.
As doses de reforço da vacina da covid-19 são preparadas com incrementos em relação às principais novas variantes em circulação. Dessa forma, ao tomá-las, a pessoa se torna mais protegida contra novas variantes.

5. É preciso tomar dose de reforço da vacina? Quantas?

A recomendação é que sejam tomadas todas as doses de reforço disponíveis para potencializar essa proteção. Quem já tomou as duas doses imunizantes ou a vacina de dose única já tem uma proteção mínima contra casos graves e hospitalizações em decorrência de infecção pelas novas variantes. As doses de reforço ficam disponíveis nos postos de saúde e os locais de vacinação podem ser consultadas em cada município.

6. Como está essa nova onda em outros países? O que deve ocorrer no Brasil?

No Brasil, se confirmada uma nova onda, será a terceira registrada no País em menos de um ano - todas ocasionadas pela variante Ômicron. A primeira, entre dezembro de 2021 e fevereiro de 2022, foi provocada pela sublinhagem BA.1 da variante; a segunda, entre maio e julho, foi causada pelas linhagens BA.4 e BA.5, que são, hoje, as que circulam no Brasil com maior frequência.

A nova onda da covid-19 tem se espalhado mundialmente. Casos de infecção por BQ.1 foram identificados na Europa, que tem visto elevação de diagnósticos positivos e internações.

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