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Notícias | Rio Grande do Sul JUSTIÇA

Delegada que investigou a morte do menino Bernardo depôs ao Júri por quase seis horas

Primeiro dia do novo julgamento de Leandro Boldrini começou na manhã desta segunda-feira e encerrou por volta das 20h15. A sessão será retomada na manhã da terça-feira

Publicado em: 20.03.2023 às 21:15 Última atualização: 20.03.2023 às 21:40

O primeiro dia do novo julgamento de Leandro Boldrini começou na manhã desta segunda-feira (20), no Fórum de Três Passos. O réu é acusado de matar o próprio filho, Bernardo Boldrini, em 2014, na mesma cidade em que o julgamento acontece. A delegada Caroline Bamberg Machado, que investigou o crime na época, depôs ao Júri por quase seis horas. O julgamento encerrou por volta das 20h15 e será retomado na manhã desta terça-feira (21), às 8h30.

Leandro responde pelos crimes de homicídio quadruplamente qualificado (motivo torpe, motivo fútil, emprego de veneno e dissimulação), ocultação de cadáver e falsidade ideológica. Em 2021, o primeiro julgamento do acusado foi anulado pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. Dois anos antes, ele havia sido condenado há 33 anos de prisão pela morte do menino de 11 anos.


Após o sorteio dos sete jurados que compõem o Conselho de Sentença, os promotores de Justiça Lúcia Helena de Lima Callegari e Miguel Germano Podanosche, que representam o Ministério Público do RS, exibiram vídeos e áudios que ajudam a comprovar o envolvimento do médico no assassinato. Na volta do intervalo do almoço, por volta das 14h10, a delegada iniciou o seu depoimento. Ela é a primeira de 10 testemunhas arroladas ao caso a ser ouvida. Ela relatou os fatos na ordem cronológica, conforme as investigações da Polícia Civil. "O que se percebeu durante a investigação, é que ele (Leandro Boldrini) foi o mentor", afirmou Caroline.

A investigadora ainda disse que a criança seria “um estorvo” na vida do pai e da madrasta e que ele “não se encaixava mais”. "A maneira como ele (Leandro) agiu durante aquela semana em que o filho estava desaparecido soou muito estranho para as pessoas. As pessoas mais próximas dele perceberam essa frieza", lembra Caroline.

Após as oitivas das 10 testemunhas e o interrogatório do réu, se iniciarão os debates. MPRS e defesa terão 1 hora e 30 minutos cada para se manifestarem. Réplica e tréplica, se houver, serão de uma hora cada.

O caso 

Bernardo desapareceu em 4 de abril de 2014. Seu corpo foi encontrado 10 dias depois, enterrado em uma cova vertical dentro de uma propriedade às margens de um riacho na cidade vizinha de Frederico Westphalen. No mesmo dia, o pai e a madrasta da criança, Graciele Ugulini, foram presos por serem, respectivamente, o mentor intelectual e a executora do crime. A amiga dela, Edelvânia Wirganovicz, também foi presa por ajudar no assassinato. Dias depois, Evandro Wirganovicz, irmão de Edelvânia, foi preso por ser quem preparou a cova onde o menino foi enterrado. Os quatro réus foram condenados em 2019, mas o júri de Leandro foi anulado em dezembro de 2021.

Passo a passo do crime

O assassinato de Bernardo teve início em Três Passos, por volta das 12h, e terminou com sua execução, às 15h do mesmo dia, em Frederico Westphalen. Graciele, a pretexto de agradar o menino, o conduziu até Frederico Westphalen. Ao iniciar a viagem, ainda em Três Passos, deu ao enteado midazolam – medicação de uso controlado – sob argumento de que era preciso evitar enjoos. Em seguida, já na cidade vizinha, Graciele e Bernardo se encontraram com Edelvânia, amiga da madrasta. Os três seguiram para local antecipadamente escolhido na Linha São Francisco, distrito de Castelinho, próximo a um riacho, onde a cova foi aberta dias antes por Evandro.

Dando sequência ao crime, Graciele, sempre com integral apoio moral e material de Edelvânia, mais uma vez enganando a vítima, agora a pretexto de lhe dar uma “picadinha”, para ser “benzida”, aplicou em Bernardo injeção de midazolam em quantidade suficiente para lhe causar a morte, conforme laudo pericial que atesta a presença do medicamento no estômago, rins e fígado da vítima. O menino acabou morto por uma superdosagem de medicamento.

Segundo a denúncia, o médico Leandro Boldrini, com amplo domínio do fato, interessado no desfecho da ação, concorreu para a prática do crime contra seu próprio filho como mentor e incentivador da atuação de Graciele. Ele participou “em todas as etapas da empreitada delituosa, inclusive no que diz respeito à arregimentação de colaboradores, à execução direta do homicídio, à criação de álibi, além de patrocinar despesas e recompensas, bem como ao fornecer meios para acesso à droga midazolam, utilizada para matar a vítima”. Depois de matar e enterrar o filho, Leandro fez um falso registro policial do desaparecimento de Bernardo para que ninguém descobrisse o crime.

O que motivou 

Leandro e Graciele não queriam dividir com Bernardo a herança deixada pela mãe dela, Odilaine (falecida em 2010), e o consideravam um estorvo para o novo núcleo familiar. O casal ofereceu dinheiro para Edelvânia ajudar a executar o crime. Bernardo, não sabendo do plano, aceitou, no dia em que foi morto, ir até Frederico Westphalen com a madrasta.

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