Publicidade
Opinião

A patologização da vida

Publicado em: 27.07.2023 às 03:00

O filósofo Byung-Chul Han considera que a sociedade disciplinar do século 20: hospitais, presídios, quartéis, fábricas, seminários, cederam às instituições como os bancos, laboratórios de genética, aeroportos, escritórios, shopping centers. Para Han, entretanto, o século 21 é a época das doenças neuronais, como depressão, transtorno do déficit de atenção com hiperatividade e personalidade limítrofe. É uma espécie de fenomenologia dos sentimentos, que se desdobra numa sociedade do doping e do infarto da alma. O que estamos vendo são as pessoas se entregando ao uso abusivo de drogas lícitas e ilícitas. 

Também é uma construção social em torno da depressão, produzida pela farmacologia. Ou seja, é o alargamento do conceito de depressão através de uma associação entre a psiquiatria, a indústria farmacêutica e a propaganda midiática, que cria a patologização das experiências da vida.

Na realidade, essas doenças estão conectadas a desindustrialização, a precarização do trabalho, o desemprego, as desigualdades sociais e os extraordinários avanços da tecnologia.

Em outras palavras, vivemos a crença no individualismo exacerbado e a busca por uma felicidade que ninguém encontra. Os escritores Orwell e Huxley já previam o nosso admirável hedonismo social num mundo instagramável.

Por isso, precisamos entender que o processo de apropriação predatória está no cerne das grandes crises relacionais, climáticas e sanitárias. Assim, podemos construir uma sociedade menos adoecida, voltada para o equilíbrio biopsicossocial e espiritual.


O artigo publicado neste espaço é opinião pessoal e de inteira responsabilidade de seu autor.
Por razões de clareza ou espaço poderão ser publicados resumidamente.
Artigos podem ser enviados para opiniao@gruposinos.com.br
Jackson Buonocore

Entre em contato com
Jackson Buonocore

Gostou desta matéria? Compartilhe!
Encontrou erro? Avise a redação.
Publicidade
Matérias relacionadas
Botão de Assistente virtual