Às amigas

Passei grande parte da minha vida priorizando a atividade profissional e os estudos. Primeiro veio o curso universitário, depois as especializações, a fundação da empresa, a manutenção da empresa, a constante adequação às tendências de novos tempos que sempre emergiram no terreno da comunicação humana, objeto da minha atenção.

A partir dos tenros 4 anos a escola já iniciou a fazer parte da minha rotina. Se contar direitinho, foram mais de 40 anos dedicados aos bancos escolares e o mesmo tempo de vida empresarial. Foram fases de muitas realizações e alegrias, mas também de sacrifícios. Sacrifiquei um tempo de maternidade e de presença física não só com meu filho, mas também com amizades.

Agora, aposentada, realizando meus artesanatos e produtos destinados às peles mais maduras como a minha, percebo o valor de se ter tempo para nutrir relações que podem alimentar uma terceira idade mais feliz e prazerosa. Acredite, não tem dinheiro ou terapia que pague sentar com uma contemporânea e trocar impressões e histórias pessoais.

Quando ainda jovens é comum disputarmos as belezas e os olhares dos meninos, além de nos magoarmos com pequenezas. Depois dos 60, foram tantas as pequenas e grandes decepções da vida que já não nos importam detalhes e imperfeições, porque todos, todos as temos.

A maturidade tem me ensinado a não julgar as falhas das amigas e a encontrar. em cada uma, um porto seguro para apreciar cumplicidades. Percebo que posso eleger, em cada uma, uma qualidade que engrandece. Tem a terapeuta da gargalhada, aquela que te encoraja, a que tem uma receita de saúde e juventude na ponta da língua, a que filosofa e te leva a flutuar na espiritualidade. É como se cada pessoa revelasse um pedaço de mim. E assim, como num mosaico, posso enxergar minha composição de beleza única.