Rituais da idade

Pertenço à geração em que os rituais de passagem eram determinados pela idade. Iniciavam com a vida escolar com material próprio - cadernos de encapados, lápis/lápis de cor, borracha e régua. Além do uniforme que nivela a todos. Depois, chegar aos 18 anos significava ver filmes "para maiores de idade". Também era possível fazer carteira de motorista, espécie de passaporte da fase de "piá para homem". Entrar no mercado de trabalho permitia comprar roupas, perfume, tênis de marca e, dependendo da renda, dar entrada num Fusca. Com a conquista de algum patrimônio já pensávamos na aposentadoria.

Hoje, diversas empresas e instituições oferecem cursos de preparação à inatividade. A chegada da aposentadoria sem cuidados pode provocar sérias consequências emocionais e físicas. Parar não é só dormir até tarde ou fazer o que se tem vontade. Exige reprogramar a rotina. Sem isso vemos homens e mulheres depressivos, solitários, doentes, abandonados pela família. Muitos têm a vida esvaziada numa espiral que chamam de "estresse da terceira idade". A aposentadoria altera as relações familiares. Muitos casais passam a conviver mais, o que exige adaptação. Se morar com os filhos, o aposentado tem uma interação maior, o que pode gerar conflitos.

Muito de antigamente, existe literatura, pesquisas e experiências para fornecer subsídios à velhice menos traumática e melhor adaptação. É preciso interesse na busca de informações para uma parada profissional tranquila com alterações que podem acontecer ainda no período de atividade. Mas como em tudo na vida é preciso preparação e disposição para mudar.