Nem tudo está perdido

As comemorações antecipadas pelo Dia da Independência do Brasil parecem que passaram despercebidas. No dia anterior ao 7 de setembro, a Associação Comercial e Industrial (ACI) hasteou a bandeira ao som do hino nacional com a presença de associados e colaboradores. Não cheguei a tempo de me posicionar, mas ali da minha janela fiquei acompanhando a bandeira subir no ato cívico que outrora era tão presente.

Lamentável o quanto perdemos nesses últimos tempos de amor a nosso País e aos nossos símbolos por um duelo político nojento que parece não ter fim. E em meio a tais questões, nós aqui do Rio Grande do Sul passamos mais uma vez por uma catástrofe climática. A natureza é implacável, vai passando e devastando.

O RS está calejado porque nos últimos meses foram três ciclones. Desta vez o pior de todos, com o maior número de mortos e desabrigados. Às vezes fico imaginando como é voltar para casa e não existir mais casa, apenas a roupa que está no corpo. Perder memórias, fotos, objetos de uma vida inteira e, pior ainda, perder familiares, amigos e pessoas da sua cidade.

É um vazio que se instaurou. Um buraco negro que violentamente sugou e arrastou a tudo e todos no Vale do Taquari. A esperança e a sensação de que nem tudo está perdido é que nosso Estado se uniu em prol dessas cidades, fazendo uma enorme campanha, recolhendo dinheiro, comida, itens de higiene e limpeza, colchões, lençóis e roupas. O Sete de Setembro foi apenas um feriado, talvez inexpressivo, mas o civismo tomou conta dos gaúchos em cada ato de doação e solidariedade tentando olhar para frente.