Wandinha é isso tudo? Série faz sucesso ao apostar na figura excêntrica da protagonista

Desde que foi lançada na Netflix, há pouco mais de duas semanas, Wandinha (Wednesday, no original) é uma das séries mais comentadas em todo o mundo, atingindo recordes de audiência. Existe aquele meme da pessoa no banheiro abordada por outra ao lado que pergunta algo como Você já viu a série...? É bem isso, pois onde você vai alguém está falando de Wandinha.

A primeira temporada tem oito episódios e segue a filha dos Addams, Wandinha, uma adolescente que, de início, tem problemas na escola tradicional por pregar um trote quase fatal contra estudantes agressores de seu irmão, Feioso. Ela então é levada pelos pais à Escola Nunca Mais (tem até um site oficial e em Português: escolanuncamais.com.br), instituição que recebe crianças consideradas fora dos padrões.

Não dá para desconsiderar a metáfora que a escola representa. Lá, Wandinha encontra colegas lobos, vampiros, sereias e outros tipos. Curiosa e independente, a mocinha começa a investigar uma série de eventos sobrenaturais na região.

A produção executiva e direção (dos primeiros episódios) é de Tim Burton, o cineasta celebrado por filmes como Os Fantasmas se Divertem (1988), Edward Mãos de Tesoura (1990), A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça (1999) e Alice no País das Maravilhas (2010). Inspirado no expressionismo alemão, Burton criou um estilo próprio, com cenários góticos, personagens excêntricos e histórias fantasiosas.

Com classificação indicativa de 12 anos, a série tem sido bem recebida por pessoas de diferentes idades. E até para atender aos interesses do espectador adolescente, o roteiro peca em descambar para os batidos dramas teen, com as historinhas de bulling, paixões e o cansativo “baile da escola”. Lembra muitas vezes as produções Harry Potter, Crepúsculo e outras do gênero. Além disso, também insiste na trama de adolescentes que se portam como adultos, investigando crimes com mais eficácia que policiais, tal como a Turma do Scooby. Há uma piada sobre isso em um dos episódios.

Se há outro momento que pode tirar a atenção, especialmente de quem já conhece a história da Família Addams, esse é a inserção a cada cinco minutos dos trocadilhos de terror, típicos dos personagens. Sabe aqueles momentos em que uma tempestade é chamada de romântica por um deles? Ou fugir de uma tentativa de assassinato é considerado uma diversão?

O carisma da protagonista – uma contradição já que Wandinha tem como característica ser antissocial – é um atrativo da série. A personagem é interpretada pela atriz Jenna Ortega, um sucesso por onde vai. Dias atrás, por sinal, ela esteve no Brasil participando da Comic Con Experience (CCXP), em São Paulo.

Aliado à figura de Wandinha, o terror dark de Tim Burton é mais um chamativo. A fama do diretor, de mergulhar a fundo nesta temática, gera curiosidade de críticos e de espectadores mais adultos, aumentando a audiência. Nesta produção, ele parece retomar seus bons momentos com cenas e figuras bizarras, mais cômicas do que amedrontadoras. O personagem Mãozinha é por si só um destaque.

O mesmo não se pode afirmar de Morticia e Gomez Addams, interpretados por Catherine Zeta-Jones e Luis Guzmán. Eles deixam a desejar se comparados à Anjelica Huston e a Raúl Juliá, o casal do filme A Família Addams, de 1991. Mas isso é mais consequência de um roteiro que deu pouco espaço a eles do que pela atuação em si. Talvez seja proposital para deixar somente a protagonista sob os holofotes.

Wandinha é tudo que andam falando? Melhor ir sem muita expectativa para curtir a jornada desta anti-heroína inteligente, que mistura carisma com mau-humor. Pensando aqui, não levará muito tempo para que se torne uma influencer e seu estilo vire moda. Fantasia de Halloween é certo que sim.

Assista ao trailer: