Três são indiciados por apologia ao nazismo após ação contra ataques a escolas no RS

Três jovens presos em flagrante em Nova Santa Rita, Canoas e Novo Hamburgo foram indiciados pelos crimes de apologia ao nazismo e porte ilegal de armas de fogo. Segundo a delegada Tatiana Bastos, o trio era alvo prioritário da Operação Accelerare, criada como uma resposta aos crimes de violência que vem sendo cometidos por jovens em instituições de ensino.

Os indiciados faziam parte de células neonazistas que atuam no Rio Grande do Sul ligadas a grupos norte-americanos e europeus que propagam o ódio contra judeus, negros e população LGBTQIA+.

Flagrados com vasto material em casa, além de munições e armas, inclusive de uso restrito, acabaram sendo presos em flagrante durante a ação no dia 6 de junho. A Justiça, no entanto, entendeu a importância de mantê-los presos e determinou a prisão preventiva de cada um.

"Embora a nossa legislação contenha lacunas que nos impedem de configurar crime algumas situações, há muito que ainda pode ser feito para frear este movimento que propaga ideias perigosas", frisa a delegada.

Ela aponta que o material coletado nas casas dos jovens — como celulares e computadores — permanece em análise. Após as apurações, os itens apreendidos poderão levar a Polícia Civil a novos caminhos na identificação das células criminosas em atuação no Estado.

Na semana passada, a Polícia Civil prendeu em Pelotas um jovem que estaria fazendo ameaças a um professor da rede pública. Renato Levin-Borges é conhecido nas redes sociais pela filosofia que emprega junto a estudantes.

"Estes indivíduos pregam o uso da força e da violência em suas ações e qualquer ameaça deve ser encarada com seriedade por se tratar de um tipo de ódio que tem se alastrado pelo País", adverte a delegada.

Ataque recente

No Paraná, na madrugada desta terça-feira (20), morreu o estudante Luan Augusto, 16 anos, segunda vítima de disparos de arma de fogo feitos no Colégio Estadual Helena Kolody. Na segunda-feira (19), ele foi atingido com tiros na cabeça por um ex-aluno do mesmo colégio que entrou na instituição dizendo que pediria documentos. 

Movimento separatista

A investigação da Polícia Civil prossegue, na medida que a preocupação em torno dos crimes continua. Em Novo Hamburgo, os policiais encontraram elementos ligando um suspeito a um movimento separatista que se propaga no Sul do Brasil e tem como lideranças pessoas que vivem em Santa Catarina e Paraná.

"Eles se conhecem pela internet e fazem uso da Deep Web e Dark Web para se comunicar", aponta a delegada. "Falam que o Rio Grande do Sul é superior ao restante do País e se valem de uma suástica envolta em cores azul, branco e preto, que simbolizariam o Estado."

Conforme a lei

Os investigados foram indiciados pelos crimes de apologia ao nazismo. A Lei 7.716, em seu artigo 20, parágrafo 1º, aponta ser crime "fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo". E também pelos artigos 12, 14 e 16 da Lei 10.826 que diz respeito ao Estatuto do Desarmamento, já que foram apreendidas no interior das residências arma de fogo e munições de calibre restrito, de uso exclusivo das Forças Armadas.