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Notícias | Rio Grande do Sul | CICLONE EXTRATROPICAL DIFÍCIL RECOMEÇO

Abrigo se torna moradia temporária para famílias há quase uma semana

Tinha gente de sexta-feira (16) até terça (20) fora de casa após ciclone

Publicado em: 21.06.2023 às 03:00

Residências abaixo de água, pessoas ilhadas, ruas tomadas pelo lodo e famílias que chegam a estar há mais de cem horas acomodadas em abrigos são alguns dos vestígios deixados pelas enchentes em diversas cidades da região. Nos locais onde a água já baixou, restaram móveis e eletrodomésticos encharcados e prontos para descarte.


Lucinara, o filho, Ari e Lourdes ficaram mais de cem horas em abrigo esperando água baixar e para limpar a casa
Lucinara, o filho, Ari e Lourdes ficaram mais de cem horas em abrigo esperando água baixar e para limpar a casa Foto: Júlia Taube/GES-Especial


Em Novo Hamburgo, o primeiro abrigo a ser montado para receber as vítimas da enchente foi no bairro Santo Afonso, na Base de Ações Comunitárias Integradas (Baci). Há quatro dias, os aposentados Lourdes Kumtz da Silva, 59, e Ari Rosa da Silva, 69, estão vivendo no local, após sua casa ser invadida pela água. Além deles, a filha do casal, Lucinara Kumtz Fernandes, 25, o genro e os netos também passaram a ter o abrigo como lar.

Cadeirante, Lourdes conta que foi por volta das 4h30 de sexta-feira (16) que a casa onde vivia com o esposo começou a alagar. Eles só conseguiram sair com vida da residência porque o genro foi até o local acordá-los. "Ela [Lourdes] ficou deitada na cama até chegar o resgate. Levou 4 horas até eles chegarem para tirar ela", conta Lucinara.

Perderam tudo

A família mora há cerca de 15 anos na Vila Palmeira, no bairro Santo Afonso, e afirma nunca ter visto algo parecido. Na localidade onde vivem, a água já baixou e a tarde de segunda-feira (19) foi de muito trabalho para limpar os vestígios deixados pela enchente. "Estava um barral. Tive que lavar tudo com lava jato e vi que perdemos tudo. Armário, fogão, móveis, roupas e até geladeira", detalha Ari. A família pretendia retornar para suas casas no fim da tarde de terça-feira (20).


Cristina e família estão no abrigo de Canudos desde sábado
Cristina e família estão no abrigo de Canudos desde sábado Foto: Júlia Taube/GES Especial

Inundação afetou cerca de 10 mil pessoas

Conforme a Prefeitura, são 80 pessoas alojadas em cada um dos abrigos no bairro Canudos. No município, o número de pessoas desabrigadas chegou a 454 e até o fim da terça-feira eram 321.


Descartes na Santo Afonso
Descartes na Santo Afonso Foto: Júlia Taube/GES-Especial

Cerca de 10 mil pessoas foram atingidas pelos alagamentos em toda Novo Hamburgo, sendo os bairros Santo Afonso (Vilas Palmeira, Marrocos e Kroeff), Canudos (Visital, Esmeralda, Kippling e Getúlio Vargas) os mais afetados.

De acordo com o coordenador dos abrigos, Daniel Bota, o Baci foi a primeira estrutura a ser organizada pela prefeitura e chegou a acolher 280 pessoas. Até a manhã de terça-feira, 79 ainda continuavam no local. "A enchente começou na Santo Afonso. Quando a água baixou no bairro, começou a subir aqui no Canudos", explica.

Além das estruturas montadas na Baci (Rua Buenos Aires, 217), na Escola Martha Wartenberg e no Ciep, o abrigo estruturado em Lomba Grande segue ativo. Ele fica na Igreja Mevam, na Rua Leopoldo Petry, 2.530.

Fenac recebe doações de móveis e eletrodomésticos

Em Novo Hamburgo, doação de móveis e eletrodomésticos deve ser feita preferencialmente pela própria pessoa na Fenac, com acesso pela Rua Araxá, no bairro Ideal. No entanto, se o doador não tiver condições de levar até o ponto de coleta, pode ligar para os telefones: (51) 99469-7325, (51) 99469-9373 e (51) 99468-5214.


Além de alimentos e itens de limpeza, Fenac recebe móveis
Além de alimentos e itens de limpeza, Fenac recebe móveis Foto: Susi Mello/GES-Especial

"Estamos, inclusive, conseguindo doações de fretes e podemos buscar. Porém, preferimos que tragam, porque é um momento de muita movimentação, mas se for necessário vamos buscar também", sublinha a prefeita Fatima Daudt.

A doações realizadas na Fenac são encaminhadas para os espaços que abrigam desalojados e para unidades do Centro de Referência da Assistência Social (Cras).

Itens de limpeza também estão na lista das prioridades de doações na Fenac. "Precisamos de muito material de limpeza, principalmente vassouras, baldes, água sanitária, porque é um momento que as pessoas estão retornando para casas", declara prefeita.

Quanto ao destino do que é doado, Fatima sublinha que a responsabilidade da distribuição é da prefeitura. "O que está aqui ou vai para o abrigo ou para os Cras, que têm os cadastros das pessoas e sabem quem está necessitando." (Susi Mello)

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