Safra de morangos em Gramado deve superar as 350 toneladas
No município 37 propriedades possuem produção e fruta se torna atrativo turístico pelo interior
Quem gosta de andar pelo interior de Gramado encontra diversas estufas e placas com o escrito “vende-se morango”. Nesta época do ano, esses estabelecimentos ganham ainda mais visitantes e compradores. É o início da safra da fruta na região. O mercado é visto como promissor pela Secretaria da Agricultura do município, assim como pelo escritório da Emater-RS na cidade.
“Temos uma característica de consumo distinta, que favorece essa comercialização. A maior parte da produção é absorvida na rede gastronômica, supermercados e direto a consumidores, além da industrialização nas agroindústrias”, coloca a engenheira agrônoma e chefe do Escritório Municipal da Emater em Gramado, Janete Basso.
Muito morango
Gramado possui 37 propriedades que possuem produção de morango, e 15 agroindústrias regularizadas transformam a fruta em geleias e doces cremosos. Segundo a instituição que é referência em extensão rural no Estado, são 400 mil plantas somente na cidade, que ocupam uma área aproximada de três hectares. Em 2022, foram colhidas cerca de 300 toneladas.
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“Tivemos um inverno pouco rigoroso e isso contribui para a produtividade do morangueiro”, afirma Janete.
Canela
No município canelense, a produção equivale à 10% em comparação com Gramado. Conforme o extensionista rural do escritório de Canela da Emater, Alexandre Meneguzzo, são 18 produtores que cultivam 0,55 hectare. Desses, 16 são em cultivo protegido.
“A produtividade fica na casa das 65 toneladas por hectare, portanto, obteve- -se uma produção total de 35,75 toneladas. A expectativa dos plantios realizados é repetir a produção passada com tendência à estabilização nos níveis de produtividade”, conta.
Pioneiros em larga escala, há mais de 30 anos
A família Augsten trabalha com morangos há mais de 30 anos, na Linha Ávila. Eles foram os pioneiros do município na produção em larga escala. Na época, o cultivo era no solo. “Grande parte da minha família é agricultora. Por intermédio da Emater, viram o morango como uma oportunidade, justamente pelo amplo espaço gastronômico. E, na época, haviam produtores, mas não monocultores”, relembra a filha, Cássia Augsten.
Então, há oito anos, partiram para o sistema hidropônico, nas estufas. “Esse sistema reduz de 80% a 85% a aplicação de defensores agrícolas e beneficia, principalmente, a saúde”, conta. Atualmente, são dez estufas que ocupam 500 metros quadrados na propriedade, com 29 mil pés de morango.
“A estimativa é que se colha um quilo de morango por pé. Dá para se dizer que colhemos uns 25 mil quilos de morango por ano, e ainda sim é pouco para o que a cidade consome”, revela. A família produz três espécies de morango.
“Trabalhamos com mudas importadas da Espanha e da Argentina, região da Patagônia. Temos as variedades San Andreas, Albion e uma terceira, que foi criada em laboratório na Itália, Pircinque. A San Andreas produz muito. No nosso inverno a produtividade cai para 5% do que é comum em safra. E essa consegue produzir também nessa época. Porém, ela não é tão saborosa quanto o Albion”, justifica Cássia.
Turismo rural
Com o interesse não apenas dos moradores, mas de visitantes pelos produtos, foi criada, há seis anos, a agroindústria de geleias, para agregar valor ao morango. “Desde o ano passado, começamos a receber muitas mensagens de pessoas que queriam nos conhecer. Tínhamos a casa da minha falecida vó, dona Luciana. Reformamos e fizemos um varejo”, conta Cássia.
Denominada Vovó Lucena Platz, construíram um tour guiado, com duração de 1h30. “Contamos a história de tudo, de como surgiu a Vovó Lucena e vamos para as estufas, onde eles conhecem a produção. Depois, vamos para o apiário, temos abelhas sem ferrão, que são os principais polinizadores dos morangos”, relata a proprietária.