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Efeitos da pandemia também impactam o preço do combustível

Depois de cair mais de um real no preço médio em Novo Hamburgo por causa da pandemia, gasolina volta a ter sequência de aumentos e já se aproxima dos 4 reais.

Por Ermilo Drews
Publicado em: 25.06.2020 às 21:24 Última atualização: 26.06.2020 às 10:59

O litro que era vendido em média por R$ 4,71 em março no Estado sofreu queda livre até meados de maio Foto: Débora Ertel/GES-Especial
A oscilação do petróleo no mercado internacional, a dificuldade de prever a cotação do dólar e a queda no consumo de gasolina por causa da redução da circulação de pessoas têm provocado um efeito sanfona no preço do combustível. O litro que era vendido em média por R$ 4,71 em março no Estado sofreu queda livre até meados de maio.

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Em Novo Hamburgo, por exemplo, teve posto oferecendo o produto a menos de R$ 3,30 neste período. No entanto, com a reação no valor do petróleo, commodity que serve como referência para os combustíveis no Brasil, e a lenta retomada no consumo, a gangorra começou a se inverter.

Na última quarta-feira, a média do litro vendido no Rio Grande do Sul estava em R$ 4,14. Em cidades como Novo Hamburgo, onde o produto custa menos, a média neste mês está em R$ 3,94. Valores ainda abaixo dos praticados antes da pandemia, mas que sinalizam uma tendência de reajuste (confira detalhes nos gráficos).

 

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Na semana passada, a Petrobras aumentou em 5% o preço da gasolina em suas refinarias, o que representa 7 centavos por litro. Foi o sexto aumento seguido desde o começo do mês passado, justamente após as cotações internacionais do petróleo iniciarem o processo de recuperação. O repasse às bombas depende das decisões comerciais de distribuidores e revendedores.

Presidente do Sindicato Intermunicipal do Comércio Varejista de Combustíveis e Lubrificantes do Estado (Sulpetro), João Carlos Dal'Aqua adianta que os donos de postos não têm como segurar os reajustes. "Quase metade do valor do combustível é imposto. O custo de produção fica na faixa de 30% e tem mais 10% do etanol e da logística. A margem de lucro do posto hoje está em 10%. E é o posto que vende no cartão de crédito e paga a taxa. O consumidor costuma reclamar no posto, mas naquele número estampado na placa tem toda uma cadeia por trás." 

 

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Há margem para correções

A política de reajustes de preços da Petrobras leva em conta as cotações internacionais, além de outras variáveis como taxa de câmbio, custos para importação do produto e margem de lucro. Para Dal'Aqua, se a petrolífera mantiver os preços alinhados com o mercado internacional, há margem para novas correções. "O preço ainda está defasado. Se a Petrobras seguir a política de paridade, a tendência é de novos aumentos. Mas o cenário com a pandemia deixou tudo muito confuso. Há muita instabilidade. O consumo caiu, o dólar está alto. E tudo isso influencia. Prospectar valor seria exercício de futurologia."

Falta concorrência

Além de todas as variáveis, Dal'Aqua observa que falta competição no mercado interno, que se limita à guerra de preços entre os postos. "O processo de privatizações de refinarias parou por causa da pandemia. A própria distribuição é concentrada. Três empresas concentram 70% do mercado. A competição só existe nas revendas, lá na ponta."

Consumo mais baixo

As medidas de isolamento social adotadas para conter o coronavírus impactaram diretamente na comercialização de combustível nos postos. Em live recente do Grupo de Líderes Empresariais (Lide RS), o gerente executivo comercial da região Sul da Rede Ipiranga, Marcio Burtet, estimou que as vendas nos postos da região metropolitana de Porto Alegre caíram até 80% durante o auge do isolamento social.

E especialistas do setor acreditam que a redução no consumo seguirá mesmo após a pandemia. A Sulpetro estima uma queda permanente de 20% . "A diminuição da atividade econômica jogou muita gente no desemprego e isso vai levar a uma nova realidade, inclusive na questão do preço final. Além disso, o consumidor ficará mais arisco, muitas empresas vão seguir com o home office parcial, tudo isso vai reduzir a circulação e o consumo", analisa Dal'Aqua.

"As pessoas que estavam acostumadas a passar no posto todos os dias, não vão passar mais. A relação delas com o posto vai mudar, e precisamos nos adaptar", afirma Ildo Buffon, diretor da rede de postos Buffon, que atendem 30 mil clientes por dia no Estado. "As pessoas vão andar menos de carro. Vai haver menos deslocamentos. Isso é certo", projeta Dal'Aqua.

 

Crise política e câmbio podem ser os vilões a curto prazo

Diretor da MaxiQuim Assessoria de Mercado, João Luiz Zuñeda acredita que o câmbio pode influenciar mais no preço da gasolina a curto prazo do que o próprio valor do petróleo. Zuñeda explica que o valor do barril, que caiu de 60 dólares para 30 dólares meses atrás por conta da guerra de preço entre Arábia Saudita e Rússia, despencou ainda mais com a pandemia.

No entanto, tem reagido. "Esta semana está em 40 dólares. Acredito que fique estável. Ainda pode ter algum ajuste no Brasil em função das contas da Petrobras. Mas isso não deve pressionar tanto o preço. A demanda também não deve aumentar muito por conta da pandemia", projeta o consultor. No entanto, com o câmbio a história é diferente. "O que o Brasil refina não é suficiente para abastecer o mercado interno. Somos importadores de gasolina. Mas fica difícil prever o dólar em função da crise política. Isso sim pode afetar o preço da gasolina no curto prazo, mais do que o petróleo e a questão da oferta e demanda."

 

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