Com a necessidade de estarem sempre à disposição para salvar vidas, os médicos, enfermeiros e motoristas do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) aproveitaram a quarta-feira (23) para fazer uma faxina geral na base de Novo Hamburgo. O motivo foi a falta de ambulâncias para fazer atendimentos.
Os problemas que tiraram ambulâncias de circulação são variados: motor, embreagem, setor e turbina, por exemplo. Um dos veículos que está há mais tempo sem rodar precisaria de um conserto que custaria menos de R$ 40 mil.
As más condições da frota, contudo, não param por aí. Segundo relatos de trabalhadores do serviço de saúde, entre os problemas nos veículos estavam pneus carecas, falta estepes, sem cintos para prender pacientes, sem armários para guardar equipamentos e até sem vidros escuros que não exponham os ocupantes.
A situação foi exposta por servidores do Hospital Municipal, onde fica a base do Samu. Esses profissionais, que preferiram não se identificar, relatam que temem pela própria integridade ao andar, muitas vezes em alta velocidade em viaturas que mal têm condições de rodar.
Além disso, há o medo de que familiares ou amigos precisem dos serviços do Samu e eles não consigam atender em função dos problemas das ambulâncias. "Estamos a Deus dará", resumiu um servidor.
Problema se repete
Isoladamente, os problemas da quarta-feira já seriam preocupantes. Mas eles não são inéditos. Há menos de quatro meses, o Samu chegou a ficar 15 horas sem nenhum veículo para atender à população. Naquela ocasião, os bombeiros tiveram de ser acionados para suprir a deficiência.
Fundação de Saúde sequer justifica os problemas
A gravidade do episódio de novembro anterior trouxe consequências. Uma delas foi a sindicância aberta pela direção da Fundação de Saúde de Novo Hambugo (FSNH), responsável pela manutenção do Samu na cidade. O prazo máximo divulgado para o encerramento do processo era no final de janeiro.
O Jornal NH procurou a assessoria de imprensa da FSNH inúmeras vezes desde então para divulgar as conclusões obtidas pela investigação, mas não obteve respostas. Os servidores apontam, porém, que internamente sentiram os resultados da sindicância. De acordo com eles, há perseguição à funcionários que exigem melhores condições de trabalho.
Procurada, a direção do FSNH não quis falar, mas emitiu uma nota. A entidade não justificou os atuais problemas nas ambulâncias. O comunicado apenas informou que a sindicância está cumprido os seus trâmites legais e que, ao seu encerramento, apontará quais medidas necessárias para melhorias no Samu.
Leia a nota da FSNH na íntegra
A referida sindicância está cumprindo estritamente os trâmites legais. O processo administrativo irá apontar, ao seu encerramento, quais as medidas necessárias para as devidas melhorias em relação ao serviço. Por fim, a Fundação de Saúde Pública de Novo Hamburgo (FSNH) reitera que preza pela transparência e sempre se manteve à disposição para esclarecimentos.