Depois do anúncio do descredenciamento do Hospital Regina como referência regional para tratamento de oncologia pelo SUS e da transferência dos primeiros pacientes para o Hospital Bom Jesus, de Taquara, que teve início esta semana, começa uma mobilização de entidades para trazer de volta o serviço a Novo Hamburgo.
É a convite da comissão que a Liga falará na Câmara. "Vamos nos manifestar publicamente sobre a luta em trazer de volta a oncologia pelo SUS a Novo Hamburgo", informa a presidente da LFCC, Regina Dau.
O presidente da comissão da Câmara, vereador Enio Brizola, diz que os vereadores querem conhecer a situação para poder agir. "A hora agora é de mobilizar, de tentar reverter o quadro e construir outra alternativa. Queremos a volta para Novo Hamburgo", sublinha. Todos os vereadores assinaram a proposição da comissão. A sessão do Legislativo, aberta à comunidade, se inicia às 14 horas.
Lutar pelo retorno do atendimento oncológico pelo SUS em solo hamburguense tornou-se bandeira da LFCC. "A Câmara nos convidou porque viu a nossa mobilização, que se tornou a bandeira da Liga. Não interessa o hospital. Precisamos da oncologia SUS aqui. Para isso existe o Hospital Municipal, que não tem credenciamento, ou que seja construído algo pela iniciativa privada", diz Regina Dau.
Na semana passada, lembra a presidente da LFCC, a Liga esteve reunida com a prefeita Fatima Daudt. "O que externamos foi a tristeza irreparável da situação e um retrocesso. Na ocasião o que a prefeita explicou é que não tinha solução e que a Prefeitura teria recebido de surpresa a situação, sendo Taquara a única alternativa", comenta.
O Hospital Regina distribuiu nota sobre a mudança, indicando que "após diversos estudos por parte do Hospital e sua mantenedora Associação Congregação de Santa Catarina - ACSC, lamentavelmente constatou-se a inviabilidade da manutenção da prestação de serviços nas especialidades de oncologia e pediatria, que fazem parte do mesmo contrato, decidindo-se pelo encaminhamento da desabilitação da Unidade de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon) e não interesse de renovação do contrato com a Prefeitura Municipal de Novo Hamburgo."
"Atualmente, o Hospital Regina está em tratativas avançadas junto à Secretaria Municipal de Saúde buscando viabilizar a permanência das internações pediátricas, assim como os dois leitos de UTI Pediátrica através de contrato emergencial, ainda a ser firmado", informou a instituição.
"Lamentamos pela necessidade desta tomada de decisão e pelos impactos causados pela troca de referência", acrescenta a nota. "A Instituição está tomando todos os cuidados para que este período de transição seja realizado de forma segura aos pacientes", acrescenta o comunicado.
A presidente da Liga hamburguense diz que, após a reunião com a prefeita, integrantes saíram mobilizados. "Queremos envolver políticos, o Município, o Estado, a iniciativa privada, instituições, nesse grande problema de Novo Hamburgo, de não ser mais referência em oncologia SUS".
A causa também ganha apoio de outras ligas da região. A presidente da Liga ivotiense, Marlene Schallenberger, conta que tem repassado informações às voluntárias. "Somos solidárias nesta situação, pois somos Liga. Estamos a trabalhar e torcer juntas para que tudo dê certo", disse a presidente, reforçando que os 60 pacientes da Liga ivotiense estão angustiados com a mudança para Taquara.
A Liga Feminina de Campo Bom estará na sessão desta quarta-feira em Novo Hamburgo. Segundo a assistente social Ana Paula Allix, embora o atendimento em Taquara tenha recebido elogios por parte dos pacientes, a distância ainda preocupa. "Acho que se fossem casos novos para os quais o Hospital Bom Jesus fosse a referência não seria tão complicado, mas mexer em pacientes em tratamento e debilitados é mais delicado", opina.
O vereador Enio Brizola diz que, além da LFCC, outras partes serão convidadas para comparecer na Câmara Municipal nos próximos dias.
"Na próxima sexta-feira, ainda a confirmar, convidamos a direção do Hospital Regina para a reunião da comissão, às 9 horas", antecipa. A Secretaria de Saúde, a Fundação de Saúde de Novo Hamburgo, representantes do Estado e dos demais municípios que precisam ir também para Taquara também serão convidados nas próximas semanas a reunir-se com a Comissão Especial.
Todas as esferas
"Queremos entender todo o processo e lutar para que não se dê como sacramentado. Para que possamos encontrar soluções, via Estado, Município, União. A Câmara está se colocando como agente político para mobilizar todas as entidades e políticos em todas esferas", sustenta, acrescentando que o serviço oncológico do SUS representa muito para a cidade.