Educação profissional para alunos da rede municipal de Novo Hamburgo forma a primeira turma

Definir um rumo para a futura carreira profissional é um dos principais desafios de um estudante de ensino médio. Neste sentido, a escola acaba exercendo o importante papel de mentoria junto ao adolescente, disponibilizando ferramentas para que ele encontre o seu caminho.

No caso do aluno do Senai Lab - Projeto Trilhas da Aprendizagem, Felipe de Souza, de 14 anos, a proposta pedagógica da parceria inédita entre Prefeitura de Novo Hamburgo e Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) foi fundamental para que, junto aos colegas Raynel Borges e Fernando Lucas Muller, o jovem transformasse um interesse pessoal em um projeto de vida que já transcende as paredes da instituição de ensino.

Eles fazem parte da primeira turma que concluiu a capacitação na última sexta-feira (2). Ao todo, 25 estudantes participaram do projeto. “Cheguei aqui com muitas dúvidas sobre qual profissão queria seguir. Se iria fazer um curso técnico em TI ou Elétrica, hoje eu sei. Sei quais são minhas habilidades e no que sou bom. Isso só foi possível descobrir depois de passar pela capacitação”, comentou Felipe, que adianta, "vêm um Técnico em Elétrica por aí".

Já Raynel viu nas aulas de Eletrônica a oportunidade de qualificação. “Inicialmente, queria fazer Técnico em Calçado, como o meu pai, mas me surpreendi com as possibilidades que a Eletrônica proporciona e já comecei a fazer outro curso na área”, revela.

Projeto

O Trilhas da Aprendizagem oferece seis capacitações aos estudantes no Instituto Senai de Tecnologia em Calçado e Logística Industrial, no bairro Operário. Nesta edição, a iniciativa teve mais de 450 selecionados. “Este projeto tem dado ótimos resultados. O aluno se torna protagonista do seu próprio fazer, pensando um projeto de vida, com reflexos na autoestima de toda a família e buscando melhores possibilidades para um futuro muito promissor no mundo do trabalho que está logo ali para ele”, enfatiza a secretária de Educação, Maristela Guasselli.

“Eu fui aluna de escola municipal em Novo Hamburgo e sei da importância do primeiro emprego. Através desta parceria com o Senai, estes jovens têm a oportunidade de encontrar a sua vocação e de entrar no mercado de trabalho. É uma parceria em que todos ganham e fortalece o município”, destaca a prefeita Fátima Daudt.

A capacitação

O grupo é formado por alunos do 9° ano do ensino fundamental, Educação de Jovens e Adultos (EJA) e turmas de aceleração, que reúnem estudantes mais velhos. As atividades, que ocorrem no contraturno escolar, tiveram início na primeira semana de maio. "Nossa prioridade é formar cidadãos capacitados e mudar a visão de que o aluno do Lab arrume um emprego e pare por aí. Esse aluno, claro, vai ter uma facilidade em ingressar mais cedo no mercado de trabalho, mas nossa ideia é mostrar que isso é só o começo de um longo aprendizado", observa a professora do Senai Lab, Amanda Cristiane Ozório.

Sem focar em uma formação específica, o Trilhas de Aprendizagem aborda temas como “Preparação para o mundo do trabalho”, que visa ao autoconhecimento dos jovens; “Elétrica Predial”, que busca estimular, com montagem de circuitos, conhecimentos de física, matemática, desenho e psicomotoras; e, para a EJA, há também atividades voltadas a conhecer o mercado de trabalho do calçado. "É para dar um rumo, para entenderem que o mercado vai precisar deles, e eles precisam estar preparados. Mas não só isso. É para que eles encontrem o que gostam”.

Instigar os estudantes a buscarem outras possibilidades e apresentar perspectivas de futuro diferentes para os jovens que, muitas vezes, só conhecem a realidade do próprio bairro, são apontados como diferenciais do Trilhas da Aprendizagem, avalia o coordenador técnico do Senai, Alexandre Costa. “Queremos mostrar, na prática, que é possível associar uma atividade laboral à educação e à tecnologia”, disse.

Em contrapartida, Costa aponta a necessidade de preencher as demandas das empresas da região que possuem vagas em aberto, mas necessitam de mão de obra qualificada e com alguma experiência prática. “Estamos vivenciando um envelhecimento da mão de obra. Um problema estrutural que afeta todos os setores da indústria, muito penalizada por estigmas e estereótipos difíceis de combater e que não compõe o cenário atual”, pontua, destacando a modernização do processo de produção.