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Notícias | Novo Hamburgo POLÊMICA

VÍDEO: Procurador da República defende cassação do presidente da Câmara de Novo Hamburgo

Celso Tres fez o que chamou de apelo durante participação no programa Ponto e Contraponto, da Rádio ABC 103.3 FM

Publicado em: 19.06.2023 às 21:58 Última atualização: 19.06.2023 às 22:12

O procurador da República em Novo Hamburgo Celso Tres fez um apelo, nesta segunda-feira (19), pela cassação do vereador Fernando Lourenço (PDT), presidente da Câmara Municipal, que ficou preso entre quinta-feira e sábado da semana passada e está solto por força de liminar. A declaração foi no programa Ponto e Contraponto, da Rádio ABC 103.3 FM.


Celso Tres, procurador da República em Novo Hamburgo
Celso Tres, procurador da República em Novo Hamburgo Foto: Inézio MachadoGES

A defesa de Fernandinho diz que as declarações do procurador federal “causam estranheza” e que o vereador “provará sua inocência no foro adequado”. Fernandinho foi preso após condenação definitiva por posse irregular de arma e receptação. Ele recorre de uma segunda condenação, de 16 anos em regime fechado, por lavagem de dinheiro e organização criminosa.

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Participante habitual do programa da Rádio ABC, o procurador da República pediu a palavra para o que chamou de “apelo aos poderes constituídos desta cidade, Legislativo e Executivo, pela cassação do senhor Fernando Lourenço”. Prossegue dizendo que, a partir de investigação especializada na capital, “está certificado o que todos sabiam: o senhor Fernando tem ligação com Os Manos. E Manos é máfia. E máfia mata. Repetindo: máfia mata”. Tres disse ainda que os demais vereadores “estão atemorizados”.


Fernando Lourenço, presidente da Câmara, na sessão desta segunda-feira (19)
Fernando Lourenço, presidente da Câmara, na sessão desta segunda-feira (19) Foto: Maíra Kiefer/CMNH

Ainda segundo o procurador, a prefeita Fatima Daudt (MDB) também deveria defender a cassação de Fernandinho. “É notório que senhor Fernando se alinhou com ela, foi um dos principais cabos eleitorais dela”, salientou Celso Tres.

Fatima Daudt disse por meio de assessoria que “entende a indignação do procurador”, que “candidaturas vêm de partidos que compõem uma coligação” e que “a responsabilidade sobre este caso é do Judiciário e da Polícia”. A prefeita frisou também que "neste momento está completamente focada no atendimento às centenas de pessoas que foram e estão sendo vítimas do ciclone extratropical".

Leia na íntegra o que diz a defesa do vereador Fernando Lourenço

A prisão do Fernando era uma completa ilegalidade, uma grande injustiça. Estava sendo obrigado a cumprir uma pena que tem, por força de lei, o direito de ver declarada extinta. A decisão que o obrigou ao cumprimento desta pena atropelou seus direitos e cometeu não uma, mas uma série de ilegalidades. O Supremo corrigiu este rematado absurdo apenas porque enfrentou os argumentos da Defesa do Fernando, o que as instâncias inferiores não fizeram.

Estou em viagem, fora do Brasil, mas ouvi as declarações do Procurador da República no programa de hoje. Tenho muito respeito pelo Dr. Celso, bem como pelo Ministério Público. Mas me causou estranheza, a despeito de todas as orientações institucionais, uma pessoa que tenha por atribuição legal a defesa da Constituição como um todo, nomeadamente, no que concerne ao devido processo legal, às garantias do contraditório, da ampla defesa, do duplo grau de jurisdição, da presunção de inocência e outros tantos que, em conjunto, formam nosso Sistema Constitucional, promova um linchamento público do Vereador Émerson Fernando Lourenço, antes mesmo que as instâncias jurisdicionais superiores se pronunciem. Neste outro caso a que o Procurador fez referência, assim como no caso objeto da concessão de habeas corpus pelo
Supremo Tribunal, Fernando provará a ilegalidade do agir da primeira instância e sua inocência, no foro adequado, para quem por direito for legitimado ao enfrentamento.

Essa estranheza é tanto maior, porque esse verdadeiro proselitismo político e o linchamento público promovidos por membro do Ministério Público Federal, na manhã deste dia 19/06/2023, na Rádio ABC, não se insere nas atribuições constitucionais e legais do cargo que, ao contrário, manda respeitar instituições e pessoas (até presos), com mais razão, aqueles que estão se ainda se defendendo e que, em meio ao caminho, encontraram guarida no STF, a quem, parece que o Ilustre Membro do MPF não ousa desafiar.

A boa notícia é que a liberdade de expressão traz consigo, ou seja, lhe é ínsito a correlata responsabilidade. O Vereador eleito e Presidente do Legislativo Municipal, publicamente atacado pelo Órgão Ministerial, vai analisar as medidas que vai adotar no âmbito do CNMP, do CNJ e do Judiciário. Viver em democracia não é um faroeste, onde se pode agredir as pessoas, supor que a prefeita possa determinar, qual um xerife, quem detém mandato e quem não detém, como sugerido na fala do Procurador.

Por saber, resta o quanto da manifestação tem viés político, a teor de tudo que se tem visto no âmbito da política nacional, pois um ataque nesse âmbito parece predizer, no discurso do direito penal do inimigo, fins eleitoreiros e inconfessáveis.

Alberto Becker, advogado criminalista

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