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Notícias | Região Prognóstico

Defesa Civil do RS cogita que próxima estiagem será pior

Atualmente, 375 prefeituras já decretaram emergência no Estado. Em cidades como Morro Reuter, o Exército leva água potável para famílias do interior. Mas pode ficar pior no fim do ano

Por Ermilo Drews
Publicado em: 13.05.2020 às 19:00 Última atualização: 14.05.2020 às 10:48

Entre as 375 prefeituras que decretaram situação de emergência está Morro Reuter, onde o Exército começou a fornecer água potável a famílias do interior Foto: Prefeitura de Morro Reuter
O retorno da chuva e a previsão de sequências de dias mais úmidos até o final de julho não significam que a situação da estiagem será superada em municípios gaúchos. Apesar de ainda ser cedo para garantir, a Defesa Civil Estadual trabalha com o prognóstico de que o inverno será menos úmido do que os últimos anos, situação que não recuperaria a recessão hídrica dos quase seis meses sem chuva volumosa no Rio Grande do Sul. Neste cenário mais crítico, a estiagem retornaria no último trimestre de 2020 e seria mais forte que a atual.

"Precisará de muita chuva em vários dias seguidos ao longo dos próximos meses para a recuperação do lençol freático. Chover muito num dia e parar não adianta. E há a possibilidade de ter um efeito fraco do La Niña no segundo semestre. Isso significa um inverno menos úmido do que a média histórica no Estado", esclarece o subchefe da Defesa Civil do Estado, coronel Rodrigo Dutra. "Ainda é muito cedo para cravar este prognóstico, mas estamos nos preparando para o pior cenário. Nele, a próxima estiagem será mais severa do que a atual", completa.

Até esta quarta-feira (13), 375 prefeituras gaúchas haviam decretado situação de emergência por causa da atual estiagem. O número representa mais de 75% dos municípios do Estado. Outras nove estavam próximas de fazê-lo.

Nas 44 cidades da região, 19 já formalizaram a emergência e outras analisam a situação. Entre aqueles que já contam com decreto está Morro Reuter, onde 450 famílias dependem de caminhões-pipa para ter acesso à água potável.

A chuva do começo da semana amenizou as dificuldades, mas ficou longe de resolvê-las. Com isso, desde terça-feira o Exército se uniu à força-tarefa para distribuir diariamente 12 mil litros de água do Rio Loch a reservatórios das localidades de São José do Herval, Walachai e Linha Cristo Rei. Além do apoio do 18º Batalhão de Infantaria Motorizada de Sapucaia do Sul, a prefeitura já dispunha de um caminhão-pipa próprio e havia contratado outro para auxiliar as comunidades do interior e abastecer aviários e estufas. Até um caminhão do Corpo de Bombeiros de Dois Irmãos tem auxiliado a cidade vizinha. A falta de água potável para beber se repete em zonas rurais de outras cidades, como São Sebastião do Caí, no Vale do Caí, e Igrejinha, no Paranhana.

Estiagem é normal, mas não por tanto tempo

Coronel Rodrigo lembra que estiagens são naturais dentro da condição climática do Estado, mas não costumam durar tanto quanto a atual. As últimas similares ocorreram em 2012 e 2004. Na região, por exemplo, a mais recente chuva forte antes daquela que ocorreu nesta semana havia sido na primeira quinzena de novembro. “Nas últimas três décadas tivemos 3,7 mil ocorrências informadas por municípios por causa de estiagem. Em média, a cada dois anos, o Estado sofre com uma. Anormal foram os últimos anos sem uma expressiva. Agora, ela voltou com mais força”, admite.

Por aqui, relatos e números confirmam que é a pior das últimas décadas. Em 2020, o Rio dos Sinos atingiu o menor nível em Novo Hamburgo dos últimos 22 anos. Só que este dado só está disponível a partir de 1998, quando a Comusa - Serviços de Água e Esgoto assumiu a distribuição na cidade e começou a medir regularmente o nível. “Agricultores que moram em Lomba Grande falam que é a pior estiagem dos últimos 35 anos”, conta o extensionista rural da Emater de Novo Hamburgo, Carlos Roberto de Ávila Rocha.

Medidas para minimizar efeitos

Para amenizar a situação no Estado, a Defesa Civil distribui reservatórios móveis que podem ser adaptados em qualquer tipo de caminhão, funcionando como caminhão-pipa. Com recursos federais, também serão instalados descontaminadores de água, chamados Salta-Z, em comunidades do interior. Além disso, 90 toneladas de alimentos já foram entregues a 60 municípios. Ações como abertura de poços e microaçudes foram feitas por outros órgãos do Estado.

Decretos de situação de emergência na região

Santo Antônio da Patrulha: 13 de março
Araricá: 26 de março
Rolante: 31 de março
Brochier: 1º de abril
Harmonia: 2 de abril
Montenegro: 7 de abril
Feliz: 9 de abril
Pareci Novo: 15 de abril
Tupandi: 16 de abril
Bom Princípio: 20 de abril
Morro Reuter: 22 de abril
Dois Irmãos: 23 de abril
Nova Petrópolis: 24 de abril
Alto Feliz: 27 de abril
São Francisco de Paula: 28 de abril
Salvador do Sul: 29 de abril
Riozinho: 29 de abril
São Sebastião do Caí: 29 de abril
Santa Maria do Herval: 5 de maio

Prefeituras aguardam formalização e auxílio

Apesar de 19 cidades na região terem decretado emergência, apenas oito conseguiram a homologação e o reconhecimento. A homologação ocorre quando o governo do Estado confirma o decreto, permitindo ao município acesso a benefícios relativos à ajuda humanitária. Já o reconhecimento depende do governo federal e garante ajuda humanitária, dispensa de processo licitatório, repasse de recurso, entre outros. Para que a situação de emergência por estiagem seja decretada é necessário haver danos humanos, como falta de alimento e de água potável, por exemplo, e danos substanciais em lavouras.

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