Febre, dor no corpo e fraqueza... Se você estiver sentindo alguns dos sintomas iniciais da dengue, saiba que não está sozinho. A doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti avança perigosamente na região, alterando a rotina dos atendimentos em saúde.
Em Igrejinha, a cidade do Vale do Paranhana que mais sofre com o vírus, o centro de triagem criado para a atender casos de Covid-19 precisou ser adaptado.
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No centro de triagem, o procedimento é semelhante ao utilizado em casos de Covid. A principal diferença é que agora alguns pacientes têm de ficar em observação recebendo soro.
Internações
Os casos mais graves logicamente são os encaminhados ao Hospital Bom Pastor (HBP). A boa notícia é que essas ocorrências ainda são baixas se levados em consideração os 1.007 pacientes confirmadamente infectados em pouco mais de um mês. Até ontem eram oito pessoas internadas com diagnóstico de dengue confirmado.
Conforme a enfermeira responsável pelo serviço de controle de infecção do HBP, Gabriela Neis, é possível que seja necessário esperar mais do que o habitual no pronto atendimento. "Em função da dengue, a procura por assistência está acima da média. Pedimos compreensão."
Em Novo Hamburgo, o panorama é semelhante ao de Igrejinha, mas com números de infectados e internados bem mais baixos. A Secretaria de Saúde do Município informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que já é perceptível e significativo o aumento de moradores procurando atendimento nas unidades de saúde com sintomas de dengue. Até a tarde de ontem eram 102 casos confirmados e outros 296 suspeitos.
As internações ainda não são numerosas tanto na rede pública quanto na privada. No Hospital Municipal, eram três pacientes positivados com a doença. Todos em estado estável. Com o mesmo quadro estava o único internado por dengue no Hospital Regina. A situação era semelhante dos três internados no Hospital da Unimed: todos em condição estável de saúde.
Entre os outros municípios da região que já registraram casos de dengue esse ano, Dois Irmãos segue com os números de positivados mais elevados até aqui: 550, mas só dois estão atualmente hospitalizados. Cabe destacar, contudo, que o número elevado pode estar atrelado ao grande número de testagens feitas na cidade: 1.492.
Em Estância Velha, são 27 casos confirmados além de cinco pacientes com suspeita da doença internados no Hospital Municipal Getúlio Vargas. Em Sapiranga, a Secretaria de Saúde informou que há 100 casos notificados e 36 confirmados. Já Ivoti tem 11 testes positivos e aguarda resultado de outros 72 do Laboratório do Estado.
Campo Bom também faz alerta sobre a dengue. "Desde o início de março, em vista do surgimento de casos da doença em outros municípios do RS, a Prefeitura aponta a necessidade de adoção, por parte de todos os campo-bonenses, de medidas básicas de prevenção para evitar a proliferação do mosquito Aedes aegypti. Ainda assim, 59 casos suspeitos de dengue foram identificados na cidade neste ano, sendo 11 positivos, nove negativos e 39 ainda sob observação", diz nota.
"O Município adquiriu testes junto à Universidade Feevale para rapidamente identificar os casos da doença e impedir seu avanço, mas o que de forma efetiva combate a dengue é o cuidado do morador com os focos de água parada à sua volta", observa o prefeito Luciano Orsi.
Com o crescente número de casos de dengue, há uma corrida para orientar a comunidade sobre formas de prevenção e o que fazer caso se contraia a doença. Papel decisivo é desempenhado pelos agentes comunitários de saúde, que visitam casas levando orientações. Para ajudar nessa missão, ontem 170 destes profissionais de Novo Hamburgo participaram de uma capacitação sobre as doenças dengue, zika e chikungunya.
O evento, realizado pela Universidade Feevale, por meio do projeto de Combate e Prevenção ao Mosquito Aedes aegypti, teve a parceria com a Fundação de Saúde Pública de Novo Hamburgo (FSNH) e com o Núcleo Municipal de Educação em Saúde Coletiva (Numesc).
O pró-reitor de Pesquisa e Extensão da Universidade, professor Fernando Spilki, destacou que nunca foi tão grande a importância das pessoas de linha de frente, que chegam às comunidades. "Vivemos números inéditos de casos de dengue no Rio Grande do Sul, a situação que avisávamos há muitos anos, de surtos de maiores proporções se apresenta", reforça.
Depoimento
"A comunidade escuta a nossa fala", comenta a agente comunitária de saúde, Josibel de Brito Lima, 32 anos, que participou da capacitação. Ela explica que a comunidade sempre escuta o que os agentes falam. "Nessa volta, as pessoas estão aderindo muito às nossas orientações. As pessoas estão recebendo bem", comenta ela, que trabalha na Unidade Saúde da Família (USF) Getúlio Vargas, no bairro Canudos.