A sessão ordinária da Câmara de Vereadores de Canela de segunda-feira (11) foi marcada pelo retorno do vereador Alberi Dias (MDB) à cadeira de titular. O parlamentar estava fora da Casa Legislativa por ser investigado de corrupção pela Operação Cáritas. Ele chegou a ser preso por duas vezes e, na segunda prisão, ficou mais de 40 dias no presídio de Canela.
Quando colocado em liberdade, o juiz Vancarlo Anacleto solicitou uma restrição judicial pelo prazo de 60 dias, onde Alberi não poderia retornar às atividades parlamentares, assim como deveria ficar afastado de testemunhas e do Executivo e Legislativo. O período encerrou na última segunda-feira (4).
O político reiterou que o pensamento dele é trazer benefícios e melhorias para a comunidade. "Se for crime organizado, tem que ter ligação entre uma pessoa e outra. Eu só faço coisas boas para as pessoas. Eu não entrei para a política para ganhar dinheiro, pelo contrário. Minha declaração do imposto de renda está disponível aqui na Câmara. Coloco à disposição, para quem quiser ver, o extrato da minha conta bancária dos últimos cinco anos. O que vão ver é um empréstimo, que eu estou pagando, inclusive", justifica.
Alberi também pediu que fossem apresentadas as provas das acusações de corrupção, desvio de materiais de construção e "rachadinha". "Me provem que foi roubado um centavo do hospital. Como presidente do Legislativo, repassei mais de R$ 2 milhões. Isso não aconteceu. Me sinto injustiçado, não tive a ampla defesa, o contraditório. Foi 'vamos encarcerar' e pronto. É só o meu nome, o meu nome, vão citar os outros. Eu jamais daria a ideia de fazer algo errado, pensa aquela pessoa que não gosta de dar explicação. Por isso sempre tento fazer as coisas certas", reforça.
Com a chegada de Alberi Dias, Joãozinho Silveira (MDB) volta a ser suplente.
Antes do posicionamento de Alberi Dias, o vereador que primeiro citou o nome do investigado foi Jerônimo Rolim (PDT). Durante sua manifestação, o parlamentar da oposição lamentou a não abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). "O que incomoda a gente são 40 pessoas envolvidas e só ouvimos falar no Alberi. O senhor vai se defender aqui. Mas isso serve para mostrar à sociedade o prejuízo de não ter uma CPI. Não sabemos quem são os outros e com a CPI saberíamos e lavaríamos a roupa suja", comenta Rolim.
Já o ex-presidente da Casa rebateu às solicitações de CPI. "Se querem fazer CPI, deveria ser o consenso de todos os vereadores. Porque foi um consenso para mim o Conselho de Ética, então seria o mais correto a ser feito", diz Alberi.
José Vellinho Pinto (PDT) concordou com seu colega de posição partidária. "Só a CPI vai esclarecer e a comunidade de Canela sabe. Estamos nos tornando vergonha estadual e nacional. E qual foi a resposta efetiva que a Câmara deu? Reafirmo minha posição", argumenta o vereador.
Jefferson de Oliveira (MDB) sugeriu que Dias surpreendesse, assinando a abertura da Comissão. "Eu estava vendo aqui a moção do Caputo, que fazia menção ao campeonato mundial de pizza. Logo vamos ganhar esse prêmio na Câmara também. E queria dizer ao Alberi, o senhor tem nas mãos a maior oportunidade de dar uma resposta a Canela. Pode dar a quarta assinatura para a CPI, onde o senhor vai ser investigado junto", conclui.
Na sessão ordinária da última segunda-feira (4) foi aceita denúncia por falta de decoro por unanimidade contra o vereador Alberi Dias. Conforme Roberto Grulke (MDB), presidente da comissão parlamentar processante formada através de sorteio, o processo de ética que analisará a conduta do político foi protocolada na terça-feira (8). O investigado pela Operação Caritas tem, agora, 10 dias para apresentar defesa. Após, a comissão tem mais 10 dias para votar pelo arquivamento ou andamento do processo.
Em caso da escolha de arquivamento pelo trio, o plenário é quem julgará ou não pela continuidade da comissão de ética. Ao final de todas as etapas, os vereadores arquivarão o processo ou votarão pela cassação do mandato do vereador Alberi Dias.