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Notícias | Região VÍTIMAS DO CICLONE

"Perdemos as coisas que conquistamos", diz jovem que precisou sair de casa com a família por causa da chuvarada

Em depoimentos emocionados, abrigados no Ginásio Municipal contam momentos de pavor e a necessidade de deixarem suas casas por conta dos alagamentos

Publicado em: 16.06.2023 às 18:32 Última atualização: 16.06.2023 às 20:00

Entre as famílias que precisaram sair de casa por conta dos alagamentos em São Leopoldo – efeitos do ciclone extratropical que atingiu o RS – e estão alojadas no Ginásio Municipal Celso Morbach, há muitas histórias de pavor, tristeza, mas também de gratidão pela vida e por terem conseguido manter os filhos a salvo.

No total, até o início da noite desta sexta-feira (16), 320 pessoas foram cadastradas e estão abrigadas no ginásio, onde tem assistência e acolhimento.

Kelen conta que não conseguiu salvar nem a certidão dos filhos, Helena, 3 anos, e Heitor, 11 meses
Kelen conta que não conseguiu salvar nem a certidão dos filhos, Helena, 3 anos, e Heitor, 11 meses Foto: Priscila Carvalho/GES-Especial

“Não consegui salvar nada, nem a certidão deles”

Sentada no chão da quadra do ginásio, Kelen Raquel Barbosa, 23 anos, fazia uma refeição com os filhos Helena, de 3 anos, e Heitor, de 11 meses. A família, moradora do Loteamento Chácara dos Leões, no bairro Santos Dumont, precisou sair de casa de bote, sendo retirada do local pelo Exército, que os levou ao Ginásio Municipal, na manhã desta sexta-feira (16).

Kelen conta que tomou um susto quando viu a água entrando em casa e que, em pouco tempo, ela subiu, atingiu os cômodos, roupas e móveis da moradia. “Quando saímos, a água já passava da altura da minha barriga”.

O marido de Kelen estava trabalhando e se assustou quando viu a situação. Segundo ela, depois de deixá-los seguros no ginásio, o companheiro foi ao encontro da avó, que mora sozinha na região da Scharlau, também bastante atingida pela água. “Não sabemos se ela está bem, então ele foi lá para ajudá-la”.

Enquanto alimentava as crianças, Kelen lembrou as dificuldades que a família passou para conquistar a moradia, agora atingida pela água. “Minha vontade é de chorar, pois nos mudamos há quatro meses. Perdemos as coisas que conquistamos. Ficamos juntos e não tínhamos nada, fomos comprando tudo, mas agora deu perda total”, lamentou a jovem. “Não consegui salvar nada, nem a certidão deles”, comentou, sobre os documentos dos filhos. Mesmo assim, ela valorizou o fato de estar com as crianças e manteve o sorriso no rosto.

“O importante é a vida das crianças”

Silvana e os filhos estão alojados no ginásio: 'O importante é a vida das crianças'
Silvana e os filhos estão alojados no ginásio: 'O importante é a vida das crianças' Foto: Priscila Carvalho/GES-Especial
A família de Silvana Luísa da Silva, 32 anos, também precisou sair de casa com a ajuda do Exército. Moradora do bairro Rio dos Sinos, ela, o marido, e as filhas, Esmeralda, 3 anos, e Aisha, de 1 ano e 5 meses, perderam tudo com a subida repentina da água. “Antes só enchia na rua. Só que agora a água entrou nas casas. Não salvei nada”, relatou. “Agora, temos que esperar baixar. Vamos ter que começar tudo de novo”.

Trabalhadores da reciclagem, ela lamenta que grande parte do material recolhido e que dá sustento à família se perdeu com o alagamento. “A carretinha amarraram no poste, com cadeado”, diz. Mesmo assim, o maior bem foi salvo, segundo ela. “O resto foi embora, mas não dá nada. O importante é a vida das crianças”.

“Já chorei tudo que tinha pra chorar”

Moradora da Ocupação Steigleder, no bairro Santos Dumont, Salete Conceição Rodrigues, 44 anos, conta que a água começou a subir ainda durante a madrugada. Pela manhã, orientados pela Defesa Civil, ela saiu de casa com os filhos Pablo, de 15 anos, e Douglas, 9, e a cachorrinha Fia. “Alagou tudo. Estou pensando em como vai ser quando voltarmos pra casa, com tudo molhado”, ponderou. “Só salvei os documentos, eles e a cachorrinha”.

Assustada com a situação, ela conta que nunca tinha visto vivenciado nada parecido na Vila Brás, como também é chamado o bairro. “Sempre morei na Brás e nunca subiu tanto a água. Foi a primeira vez que aconteceu”, comenta. “Já chorei tudo que tinha pra chorar”, conclui, abalada.

Salete, o filho Douglas e a cachorrinha Fia
Salete, o filho Douglas e a cachorrinha Fia Foto: Priscila Carvalho/GES-Especial

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