Mutirão de voluntários tenta salvar acervo histórico no Núcleo Enxaimel em Ivoti

Tão logo a água do Arroio Feitoria recuou, uma força-tarefa de voluntários uniu esforços para a limpeza e tentativa de salvar ao máximo possível as peças históricas do Museu Municipal Cláudio Oscar Becker, no Núcleo de Casas Enxaimel de Ivoti. Montado para recriar o cenário de uma moradia de família em meados dos séculos 19 e 20, os móveis amanheceram revirados, molhados e sujos no sábado (17). Consequência da forte chuva que atingiu a região em decorrência de um ciclone extratropical. 

Integrantes do Conselho Municipal de Cultura, da Sociedade Ivotiense de Estudos Humanísticos (Siehu), Corpo de Bombeiros Voluntários e moradores da cidade se somaram à força-tarefa, que deve prosseguir nos próximos dias para tentar recuperar tudo o que for possível. 

"Chegamos lá e todos os móveis, mesmo os mais antigos e pesados estavam virados de cabeça para baixo, flutuaram lá dentro... E por incrível que pareça, uma coisa que ficou no lugar foi o retrato da minha bisavó e do meu bisavô, que estava preso acima da cabeceira da cama (a cama também virou)", conta a artista plástica Andrea Cristina Baum Schneck, citando a foto de Pedro Klein Sobrinho e Lydia Holler Dhein, em meados da década de 1940, doado por Dalila Hulda Klein Holdefer. "A gente conseguiu resgatar o quadro, estou secando ele e vamos tentar restaurar", destaca.

O trabalho de limpeza foi árduo, pois o fornecimento de água foi interrompido no Museu. Então, foi preciso solidariedade e energia para remover a lama e a sujeira.

"É importante destacar que pessoas da sociedade se envolveram, tivemos toda uma orientação com os cuidados em relação ao Museu, o Cristiano que é nosso voluntário nos enviou um documento dizendo como fazer e como proceder. O Juliano e a Jaqueline Brenner também ajudaram no trabalho.Fizemos o possível ali porque não tínhamos água corrente praticamente. Uma casa ao lado nos cedeu em alguns momentos, pegamos baldes e baldes com os bombeiros, mas era bastante sujeira. O interessante é que cada entidade fez o mutirão no seu espaço, os artesãos, o Departamento de Cultura", relata Andrea.

Apesar do cenário caótico, Andrea acredita que boa parte do acervo histórica possa ser recuperada. "Mesmo com toda essa reviravolta de armários, foram duas peças, dois pratos que quebraram. Os panos (Wandschoner) ficaram bastante enlameados, mas esses a gente está lavando. Temos voluntárias lavando", comenta.

O levantamento do que foi perdido e recuperado ainda levará algum tempo para ser feito pelas entidades envolvidas na administração do espaço.

Museu Pró-Memória

A conselheira e voluntária Andrea Cristina Baum Schneck avalia que o Museu Pró-Memória foi mais prejudicado com a enxurrada. "Aquele maquinário se espalhou. Partes ainda não foram recuperadas", conta Andrea, que faz um apelo para moradores que por ventura encontrarem peças espalhadas pelas imediações, que entrem em contato para que possa ser feito o resgate deste acervo.

O Museu Pró-Memória contava com antigos equipamentos voltados aos trabalhos feitos por gerações de trabalhadores rurais, principalmente para a moagem de grãos, entre outros afazeres da rotina no campo.

O maquinário estava reunido em um espaço próximo ao Museu Cláudio Oscar Becker.