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Notícias | Região SÃO LEOPOLDO

Com recepção calorosa, menino volta à escola dois meses após parada cardiorrespiratória

Bernardo, 12 anos, retornou à Emef Gusmão Britto na manhã desta quarta-feira (21)

Publicado em: 21.06.2023 às 16:02 Última atualização: 21.06.2023 às 16:03

Com balões decorados, presentes, mensagens especiais e muito carinho, a Escola Municipal Gusmão Britto promoveu uma calorosa recepção para o menino Bernardo Izotom da Silva, 12 anos, que voltou a ter aulas na instituição, dois meses após ter sofrido uma parada cardiorrespiratória, quando chegava no colégio.

Bernardo, 12 anos, voltou à Emef Gusmão Britto e foi recebido pela diretora Cida (abraçada nele na foto), colegas e profissionais que ajudaram no seu salvamento
Bernardo, 12 anos, voltou à Emef Gusmão Britto e foi recebido pela diretora Cida (abraçada nele na foto), colegas e profissionais que ajudaram no seu salvamento Foto: Priscila Carvalho/GES-Especial

Bastante emocionado, Bernardo voltou à escola na manhã desta quarta-feira (21) acompanhado da mãe, Daiane Izotom, 41 anos, para o seu primeiro dia de aula presencial depois do ocorrido. Embalado pela canção “Tema da Vitória”, ele entrou no saguão do colégio e encontrou os colegas das turmas de 6º ano e os pequenos da Educação Infantil com cartazes e gritando o seu nome. Junto deles, a direção e professores da escola, pais de alunos e representantes do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) de São Leopoldo e do Corpo de Bombeiros – que atuaram no salvamento do menino.

“A família Gusmão Britto está muito beliz, comemorando a vida do Bernardo”, disse a diretora Maria Aparecida Hoffmeister, conhecida como Cida.

União

Mães de colegas de Bernardo, Josiane Bock, 36 anos, e Ana Paula Menezes, 34, representaram os pais da turma na atividade. Elas contam que todos se uniram para presenteá-lo com uma cesta de doces e um cartão, e que os alunos fizeram cartas com mensagens a ele. Além disso, a sala onde ele estuda foi decorada especialmente para o seu retorno.

Tudo para que a volta dele fosse mais confortável, depois do momento difícil que todos viveram. “Foi bem complicado. Um susto pra todos”, disse Ana. “Quando minha filha me viu (no dia do acontecido), ela despencou, porque foi o momento em que ela se sentiu segura para chorar. Eles fizeram uma corrente de oração no dia para orar, cada um na sua religião”, acrescentou Josiane.

Num balão decorado, o nome de Bernardo com o logo do seu time do coração e a frase “O grande milagre da vida” foram um dos presentes ao menino.

Celebração à vida

Assessora de relações intersetoriais da Secretaria Municipal de Educação (Smed), Renata de Matos acompanhou o retorno de Bernardo à escola e destacou o papel da instituição de ensino, que percebeu o problema e atendeu o estudante de forma rápida. “Hoje, especialmente depois da tragédia do fim de semana, a gente ter um motivo para estar aqui reunido para celebrar a vida, já é um fato muito especial. Mas, acho que é mais uma prova que a escola dá para a sociedade da função que ela tem na vida da comunidade, que é esse olhar atento, carinhoso, cuidadoso, que eu entendo que, num conjunto de outras forças, salvou o menino Bernardo”.

Caso muito raro entre crianças

Ao chegar no local, Bernardo e Daiane cumprimentaram toda a equipe do Samu e militares do Corpo de Bombeiros presentes. Entre eles, estavam o médico socorrista do Samu São Leopoldo, Pedro Lucas de Paula. Junto com o condutor Wladimir Nascimento e a enfermeira Ariele Betinelli, Pedro estava no grupo que atendeu Bernardo ainda na escola. “Foi a primeira vez que peguei um caso assim. Pelo chamado, era uma criança inconsciente na escola, mas não esperávamos uma parada cardíaca”, comentou o médico, salientando que o caso é muito raro.

Ele contou que quando chegaram no local, de três a cinco minuto após o chamado, os bombeiros estavam fazendo manobra de ressuscitação cardiopulmonar. O Samu seguiu com os procedimentos para que retornasse a pulsação dele e depois encaminhou o menino para o Hospital Centenário. Pedro também ressaltou a agilidade de todos os envolvidos no atendimento. “Não teve perda de tempo, foi tudo muito rápido, o que gerou o saldo positivo”.

Protocolos adequados foram essenciais para o salvamento

Coordenador do Samu São Leopoldo, Roberto Tyska Bueno também esteve na recepção à Bernardo. “Agora estamos fechando com chave de ouro, colocando o Bernardo de volta à escola, que é o lugar das crianças. Para nós, é uma vitória da ciência, porque o que aconteceu com o Bernardo foi a situação mais grave que um ser humano pode ter e tem muita ciência envolvida para tratar adequadamente essas situações”, destacou.

“Nós conseguimos fazer com que aqui em São Leopoldo, numa situação extremamente rara, tivéssemos pleno êxito, com uma recuperação 100%”, afirmou, reforçando a importância dos protocolos entre os professores, bombeiros e profissionais de saúde envolvidos. “Esses protocolos também nos mostram que a gente precisa ensinar o maior número de pessoas ao suporte básico de vida, que foi o que salvou o Bernardo. O suporte avançado de vida prestado pela equipe do Samu e dos bombeiros foi o fechamento da ocorrência, mas o pilar fundamental foi o que aconteceu na escola”, afirmou.

“O sentimento é só gratidão”

Durante a acolhida na escola, Bernardo pediu uma salva de palmas aos profissionais que ajudaram a salvá-lo, presenteou-os e se emocionou novamente. À reportagem, a mãe dele, Daiane, falou sobre a volta do menino à escola. “O sentimento é só gratidão, por cada pessoa, por cada oração, por cada ajuda. O atendimento foi imprescindível, o conhecimento de saber o que fazer naquele momento”.

Bernardo sofreu uma parada cardiorrespiratória quando chegava na Emef Gusmão Britto, na manhã de 19 de abril. Ele estava indo para sala com os colegas, quando passou mal e caiu desacordado. Rapidamente, a direção da escola percebeu que se tratava de uma emergência e chamou o Samu, enquanto uma professora buscava ajuda no Corpo de Bombeiros, que fica próximo ao educandário. Bernardo recebeu os primeiros socorros e foi levado ao Hospital Centenário e, posteriormente, ao Hospital Universitário, em Canoas. Dias depois, ele foi transferido para o Instituto do Coração, em Porto Alegre, onde passou por cirurgia.

Conforme Daiane, o menino foi diagnosticado com Síndrome de Brugada tipo 1, uma doença cardíaca genética, que veio do pai, falecido há três anos, vítima de uma morte súbita por problema cardíaco. “É uma doença rara, descoberta por um exame bem específico. Ele fez o implante de um CDI, que é um desfibrilador, que quando o coração dele para, recebe a estimulação novamente”, explicou Daiane, sobre o procedimento a qual Bernardo foi submetido. No total, o menino ficou 27 dias internado, 12 deles na UTI, comemorando seu aniversário de 12 anos nesse meio tempo, no hospital. Agora, ele ganhou alta médica, mas ainda com algumas restrições e mais cuidados, necessitando fazer acompanhamento de tempos em tempos.

Sobre a emoção de voltar à escola e ser recepcionado com festa, Bernardo sentenciou: “Hoje estou muito feliz. Fiquei muito emocionado, não esperava isso.”

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