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Corpo de Bombeiros Militar do RS tem o primeiro soldado trans em 128 anos

Theo Hevia Caravaca, 24 anos, entrou na corporação como Bruna, mas hoje é o primeiro homem trans a integrar o efetivo de Porto Alegre

Publicado em: 29.06.2023 às 09:41 Última atualização: 30.06.2023 às 07:00

O Corpo de Bombeiros Militar do Rio Grande do Sul (CBMRS) existe há 128 anos. Porém, foi só neste mês de junho que ocorreu a solenidade em que um soldado transexual se tornou integrante da corporação.


Theo Hevia Caravaca | Jornal NH
Theo Hevia Caravaca Foto: Luís André Pinto/Secom

Theo Hevia Caravaca, 24 anos, entrou na corporação como Bruna, mas hoje é o primeiro homem trans a integrar o efetivo de Porto Alegre. O militar carrega na farda o nome Theo, como sempre sonhou. 

"É a realização de um sonho. É como me identifico e como eu esperava ser chamado desde pequeno. Era o sonho de todos os meus amigos ver o nome com o qual me identifico na minha farda, no meu peito. É muito mais do que eu esperava. É maravilhoso para mim", descreveu.


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Ele se formou no último dia 16, data em que um ciclone extratropical atingiu a região metropolitana. Naquele dia, logo após a cerimônia, os bombeiros recém-formados embarcaram para várias cidades gaúchas para auxiliar nas missões de busca e salvamento. Theo se destacou ao atuar em cidades como São Leopoldo, Montenegro e Novo Hamburgo.

Theo fez a transição de gênero há aproximadamente três meses. Ele ingressou no Corpo de Bombeiros no ano passado, após ser aprovado em concurso público. Quando entrou na instituição, Theo ainda estava registrado como Bruna. 

"Quando entrei no Corpo de Bombeiros, já me identificava como Theo e no gênero masculino, mas, por medo, decidi ingressar com o sexo e o nome feminino, porque eu ainda não havia feito a retificação nos meus documentos. Era como se eu estivesse vivendo uma vida dupla. Aqui dentro, me conheciam por Bruna. Lá fora, minha mãe e meus amigos já me chamavam de Theo", relatou.

Na metade do curso de formação, em uma conversa com a capitã Paula da Fontoura Acosta, comandante da Academia de Bombeiro Militar (ABM), o soldado manifestou o desejo de realizar a transição de gênero, o que foi bem recebido pela corporação.

"Um dia, ela me chamou para conversar e perguntou como eu me identificava. Não esperava. Achei superlegal, me senti acolhido, porque ela se interessou em saber para que eu me sentisse confortável dentro do meu ambiente de trabalho. Então, vi que posso ser quem eu sou aqui dentro, mesmo sendo um ambiente militar. Foi aí que decidi continuar com o meu processo de transição", contou.

Após a conversa com a capitã Paula, o jovem deu início aos trâmites da transição de g~enero. Mudou o seu registro civil, recebeu a nova identidade e teve seus documentos retificados pelo Corpo de Bombeiros Militar. Passou a contar também com apoio na área de saúde mental no Hospital da Brigada Militar.

"Juntei todos os documentos que precisava para levar até o cartório. Assim que consegui trocar os documentos, trouxe para os meus superiores, para que pudesse ser feita a parte burocrática", explicou Theo.

No quartel, também houve mudanças, como a transferência do alojamento feminino para o masculino. "Desde os meus colegas até os praças e oficiais do Corpo de Bombeiros, tive muito apoio e acolhimento de todos. Nunca sofri nenhum tipo de preconceito. Isso me surpreendeu bastante. Foi um processo muito leve e acolhedor, tanto que me sinto em casa quando chego aqui", ressaltou.

Natural de Porto Alegre e estudante de Direito, Theo demonstra conta estar feliz com a nova fase, comemora o relacionamento amistoso com os colegas e faz planos para o futuro.

Com informações do Governo do RS

Kassiane Michel

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Kassiane Michel

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