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Opinião

Diplomas inúteis

Publicado em: 30.06.2023 às 03:00

Não me canso de enfatizar a importância da educação, tanto para as pessoas quanto para o país. No entanto, temo que tenhamos que enfrentar um problema que assola os países emergentes: o surgimento de diplomas inúteis, que não garantem a empregabilidade das pessoas. Quem sabe ainda seja possível compreender melhor esse cenário e buscar, de forma rápida, uma correção de rumo, permitindo que a educação seja um elemento transformador da vida das pessoas.

Na Índia, a economia que mais cresce no mundo e que agora se tornou o país mais populoso, com um grande contingente populacional de baixa renda, há uma realidade educacional preocupante. Ansiosos por obter um diploma universitário e um emprego mais qualificado, muitos jovens indianos são atraídos por instituições de ensino que surgem em qualquer esquina, dentro de shoppings e mercados, à beira de rodovias e em pequenas salas, sem nenhuma estrutura.

Assim como o Brasil, a Índia possui excelentes universidades e institutos, que formam pessoas altamente qualificadas para o mercado local e global. Na outra ponta, porém, surgiram instituições que trabalham mais na lógica de venda de diplomas que se tornam inúteis, uma vez que pouco ou nada contribuem para garantir a empregabilidade de seus graduados devido à baixa qualidade de sua formação.

Em vez de ajudar o país a progredir e transformar a sociedade e a economia, a educação está criando uma classe de diplomados desempregados. Em um mundo cada vez mais globalizado e conectado, é importante ter um diploma, mas, também, desenvolver competências profissionais, pessoais e sociais, que possibilitam o acesso a um mercado de trabalho qualificado e proporcione bem-estar e tranquilidade às pessoas. A educação-negócio, que deveria contribuir significativamente, está gerando um número alarmante de desempregados, impedindo o país de progredir.

O que acontece na Índia pode nos ajudar a pensar sobre a situação brasileira. Embora não estejamos vivenciando um boom econômico ou um grande crescimento demográfico, enfrentamos desconfiança em relação à educação, dificuldades de acesso e permanência dos alunos no sistema educacional. Além disso, estamos testemunhando a proliferação de instituições de baixa qualidade e custo, que oferecem um diploma, mas não uma perspectiva profissional.

Precisamos rever a regulamentação do sistema educacional brasileiro, qualificando todas as operações relacionadas à educação. É preciso ter políticas públicas de formação e criar condições mais favoráveis de acesso e permanência nas universidades. Com a educação, toda a sociedade sai ganhando; ela é um investimento para toda a vida, mas precisa ser cada vez mais qualificada. Expandir o processo educacional deve ter como base a democratização e a qualificação.


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