Resposta do silêncio

Patrícia, minha cara, teu ar não vai faltar, mesmo que sigas vivendo com essa ânsia toda de ver o mundo de perto, de viver afetos intensos, de realizar sonhos. Para e escuta a tua respiração, o teu tom. Perceba teus passos, teus movimentos, tuas danças. Esses ritmos que te conduzem para os mais interessantes caminhos. Aqueles que não são necessariamente fáceis e sem graça, mas que exigem determinação, forças e frios na barriga. Esses propostos por quem se arrisca a mares desconhecidos permitindo-se contatar as vulnerabilidades mais íntimas e verdadeiras. Porque ser vulnerável é conectar-se com a própria pele que exala pelos poros as emoções vividas. Corpo e alma são sensibilidades que entoam o compasso e a pulsação na cadência do (re)existir. Aquilo que tu escutas desde pequena e revira por dentro te fazendo dançar em qualquer lugar, seja qual for o momento. Assim estou por ali, te percebendo, te espiando.

Ainda, Patrícia, que tu deixes de olhar pra mim descaradamente, fazendo de conta que eu não existo, tu sabes que dificilmente nos perdemos. Nos encontramos dobrando a esquina na cidade ou na maré alta de alguma praia bem naquele instante em que a onda ultrapassa a carne, ressoa um suspiro e a alegria se atualiza na matéria.

Tua coragem faz com que eu acredite em ti, mesmo quando estamos mais distantes. Quando o tempo e a aceleração dificultam nosso encontro e te dispersam nos muitos ruídos da desatenção tão urgente. Mas não se esqueça, nosso encontro está marcado para quando tu menos esperar. Lá, onde acabo te achando com força e surpresa. Na cara lavada, na alma desvelada, na razão desalinhada. Por ali mesmo, estou na espreita a tua espera. Conta comigo, estou sempre por perto.

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