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Opinião

Gaúchos: final feliz

Publicado em: 20.07.2023 às 03:00

Na década de 1940, circulou pelo mundo um documento apócrifo, em inglês, chamado "Decálogo de Lenin". Pensamentos atribuídos ao comunista russo, que trazia sua orientação para os adeptos. Como: "corrompa a juventude", "controle os veículos de comunicação" e "divida a população em grupos antagônicos". Ou, quanto pior, melhor. Não era verdadeiro, mas a tentativa dos comunistas de mudar o Hino Rio-grandense enquadra-se bem nele. Foram derrotados. Mas não deve pairar dúvidas sobre seus propósitos, como alerta diário para os defensores da democracia.

Ora, vejam, como é fácil provar que se tratava de uma tentativa solerte de atentar, com uma afirmação mentirosa, contra um símbolo chave da cultura gaúcha, jogando-nos, uns contra os outros. A última mudança do hino ocorreu em 1966 e tratou-se apenas de retirar de seus versos, rimas que falavam de gregos e romanos. Bem. Em 1958 elegeu-se deputado estadual pelo PTB, o advogado negro Carlos Santos. Várias vezes reeleito, chegou à presidência da Assembleia e foi governador substituto em 1967. Interrompeu a vida pública em 1982. Inteligente, foi um baluarte da causa negra e nunca achou nosso hino racista.

Alceu Collares, como proclamava, era filho de pai negro e mãe índia. Fez extraordinária carreira como político de esquerda ligado a Leonel Brizola. Vereador, prefeito de Porto Alegre, quatro vezes deputado federal, foi eleito governador para o mandato de 1991 a 1994. Em nenhum momento de sua grande liderança política propôs a troca do hino por considerar racista a expressão: povo que não tem virtude, acaba por ser escravo. Porque ele e seu povo negro e índio, sofridos escravos através da história das Américas, se consideravam gaúchos com virtudes.


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Ivar Hartmann

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