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Notícias | Região Vacinação

Perda de doses ou vacinação em diferentes cidades: entenda o impasse da falta do reforço da CoronaVac

Secretaria diz que fila vai zerar, municípios apontam insuficiência e coordenadoria apura

Por Joceli Silveira
Publicado em: 20.05.2021 às 03:00 Última atualização: 20.05.2021 às 10:15

A fila de carros em drive-thru de segunda dose na Fenac Foto: Diego da Rosa/GES
Enquanto municípios da região retomam a vacinação da segunda dose da CoronaVac que estava em atraso, após a chegada de nova remessa distribuída nesta quarta-feira (19), o problema da falta do imunizante ainda não foi resolvido. Várias cidades apontam que ainda faltam doses. Em certos casos, a defasagem chega a ser de milhares de vacinas.

A Secretaria Estadual de Saúde afirma que matematicamente já foram distribuídas doses para zerar as filas de espera. Ainda hoje a SES deve se manifestar sobre o que houve com a discrepância de doses. Desde ontem, municípios e o Estado discutem o problema e como resolvê-lo. 

Novo Hamburgo é uma das cidades que não conseguirão zerar a fila pela segunda dose. O déficit pode chegar a quase 5 mil pessoas, de acordo com a Secretaria Municipal da Saúde (SMS).

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Conforme a divisão feita pela Secretaria Estadual da Saúde, o município irá receber 5,2 mil doses da vacina produzida pelo Instituto Butantan contra a Covid-19. No entanto, nos cálculos da SMS, a estimativa é de que haja 15,4mil pessoas aguardando pela aplicação da segunda dose do imunizante.

Levando em conta que no último dia 10 Novo Hamburgo recebeu 1.520 doses e, no fim de semana passado, mais 3.150, com a nova remessa o total chegará a 9,8 mil doses de CoronaVac. De acordo com um levantamento da Prefeitura foram aplicadas 35.212 doses de primeira dose da vacina no Município até o início da manhã desta quarta e 20.547 doses referentes à segunda aplicação. Ainda haveria um déficit de pelo menos 5 mil doses, isso sem descontar as que foram aplicadas neste início de semana.

Variáveis

Segundo o secretário municipal de Saúde, Naasom Luciano, não se sabe ao certo quantas doses faltarão. Isso porque, segundo ele, existem variáveis como, por exemplo, moradores de Novo Hamburgo que têm casa na praia e, com comprovante de residência, podem receber a segunda dose no litoral. "Só teremos o quantitativo exato de falta à medida que avançarmos nos públicos que aguardam a segunda dose", explica.

Investigação

A 1ª Coordenadoria Regional de Saúde (1ª CRS), referência para Novo Hamburgo e outros 65 municípios, busca identificar junto às Secretarias Municipais da Saúde quantas cidades estão com falta de vacinas para zerar a fila pela 2ª dose de CoronaVac e se há alguma sobra.

A coordenadora da 1ª CRS, Ane Beatriz Nantal, esclarece que o cálculo de doses por município é feito com base em dados oficiais do Ministério da Saúde (MS). Desta forma, tem-se uma estimativa de quantos moradores idosos ou com comorbidades, por exemplo, determinada cidade possui.

A partir desses dados, o Estado distribui um quantitativo de vacinas CoronaVac para os municípios aplicarem a primeira dose (D1). As segundas doses (D2) são enviadas na mesma quantidade para completar o esquema vacinal.

O Estado alega que "matematicamente" as quantidades estão corretas. "O que veio de D2 é correspondente à 10ª e à 11ª remessa de D1. Os quantitativos foram calculados conforme as remessas distribuídas de D1", explica. "Estamos verificando o que é que está faltando de dose, quem tem a mais ou a menos, para ver o que aconteceu", acrescenta Ane.

Uma das possibilidades seria a perda de doses. Em abril, cidades da região do Vale do Sinos já alertavam sobre um rendimento inferior a dez doses por embalagem, como prometido pela fabricante. A mesma reclamação foi feita por diversos Estados. O fabricante alegou problemas na aplicação.

Estimativa metropolitana é de uma defasagem de cerca de 82 mil vacinas

Segundo o presidente do Conselho das Secretarias Municipais de Saúde do Rio Grande do Sul (Cosems), Maicon de Barros Lemos, que também é secretário municipal da Saúde de Canoas, mais de 50 municípios gaúchos, de todas as regiões do Estado, já relataram que o quantitativo de CoronaVac anunciado pela SES é insuficiente para zerar a fila pela segunda dose.

Levantamento da Associação dos Municípios da Região Metropolitana de Porto Alegre (Granpal) aponta que, para colocar em dia o esquema vacinal, seriam necessárias 162.090 doses. Entretanto, os 19 municípios associados — incluindo a capital — receberam apenas 79.890 doses. Portanto, para efetivamente suprir a necessidade, seria necessária nova remessa de 82.200 doses. "A Granpal lamenta o fato e esclarece às comunidades, a fim de evitar que as pessoas procurem os postos de vacinação e saiam frustradas", afirmou o prefeito de Porto Alegre e Presidente da Granpal, Sebastião Melo.

O cálculo preciso de quantas doses são necessárias para zerar a fila pode demorar. Em Estância Velha, por exemplo, a SES deve enviar 940 doses. O número estimado no município era de 2,8 mil à espera. Mas algumas pessoas podem ter procurado dose em dois ou mais postos. Os números ainda estão sendo verificados.

 

Sem previsão de novas remessas do imunizante

Não se sabe quando chegarão novas doses da CoronaVac no Rio Grande do Sul. Na última terça-feira, o governo do Estado confirmou que, por enquanto, não há previsão de novo carregamento do Butantan, que está com a produção suspensa por falta de insumos.

O Instituto Butantan informou, no início da semana, que se receber matéria-prima da China ainda em maio, conseguirá entregar mais vacina somente em meados de junho. Ainda não se sabe com certeza a consequência do atraso na aplicação da segunda dose da CoronaVac.

Especialistas orientam a população a completar a imunização assim que possível, mesmo depois do prazo de até 28 dias recomendado pelo fabricante. De acordo com o diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), o médico Renato Kfouri, nenhuma dose é perdida. "Nestes casos, onde o atraso ocorreu, essa vacinação deve acontecer o mais rápido possível para que esse esquema seja finalizado o quanto antes", aconselha. "O esquema começado só deverá ser completado, jamais reiniciado", frisa o médico.

Colaboraram: Joyce Heurich e Matheus Chaparini

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