Água baixa lentamente no bairro Santo Afonso e moradores reclamam do funcionamento das bombas

Os alagamentos provocados pela chuvarada que atingiu a região desde a tarde de quarta-feira (14) ainda causam transtornos e prejuízos para moradores do bairro Santo Afonso, em Novo Hamburgo, onde um homem morreu afogado nesta sexta-feira (16). A água está baixando, mas de forma muito lenta. Elas reclamam do funcionamento da casa de bombas que atende a região. A Prefeitura diz que os equipamentos operam normalmente.

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Morador da Santo Afonso há 32 anos, Antônio Guedes Port, de 48, diz que muitos pontos do bairro ficaram alagados pela primeira vez desde a construção dos diques de proteção contra enchentes, nos anos 80. "Alguns lugares infelizmente alagam com mais frequência. Mas outros, não. Tem muito vizinho que está aqui há 40 anos e nunca tinha passado por uma situação dessas. Gente que perdeu quase tudo", relata. "Muitas famílias foram surpreendidas pela água, pois isso não acontecia antes. E não conseguiram salvar muita coisa."

Bina de Souza, de 68 anos, conta que a água subiu muito rápido. "Perdi muita coisa. Onde moro nunca tinha acontecido uma coisa dessas. O que nos preocupa é que a água subiu rápido mas está descendo muito devagar. Precisamos de um auxílio maior", frisou, com a água acima do joelho no asfalto da Rua Leopoldo Wasun. "O que dizem é que as bombas não estão funcionando como deveriam. É um horror", conclui.

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Por volta das 16 horas deste sábado a reportagem do Jornal NH esteve na região atingida e, com auxílio de moradores que utilizam um barco para atravessar a enchente, chegou até a casa de bombas da Prefeitura, que fica quase no limite com São Leopoldo. Havia barulho de bomba em funcionando, mas o servidor da Comur que estava no local não informou quantas e em quais condições.

Moradores da região que pediram para não ser identificados disseram que, pelo barulho, o funcionamento da casa de bombas era parcial naquele momento. "Quando todos os motores estão ligados o barulho é muito maior. E o movimento da água também", informaram. Na parte de trás da casa de bombas não era possível visualizar a saída de água em direção ao Rio dos Sinos, que está com nível acima do normal. Momentos depois foi possível ouvir o barulho de mais uma bomba sendo acionada.

No fim da tarde, por telefone, o diretor de Esgotos Pluviais da Prefeitura de Novo Hamburgo, engenheiro Ricardo Al-Alam, assegurou que as bombas estão funcionando. Segundo ele, o prédio conta com sete nichos e a previsão original era para cinco bombas operando e duas de reserva. "Estamos com quatro bombas instaladas lá, sendo que uma apresentou defeito semanas atrás e está em processo de reparo. São equipamentos antigos, da década de 70, que acabam exigindo uma manutenção maior", explicou.

Ainda conforme o engenheiro, devido ao funcionando ininterrupto dos últimos dias uma das três bombas apresentou problema na noite desta sexta-feira e ficou fora de operação até metade da tarde de sábado. "Ficamos com duas operando por algumas horas. Nossos técnicos verificaram ontem (sexta) que um dos cabos de energia de uma bomba estava com a tensão oscilando muito. Tivemos que parar a bomba para fazer este reparo, mas ela já voltou a funcionar", assegurou por volta das 18 horas.

Segundo o engenheiro, cada uma das três bombas conta com motor de 325 cavalos de potência e capacidade para "empurrar" 2.500 litros de água por segundo. "Com as três bombas funcionando, empurramos 7.500 litros de água por segundo para o Rio dos Sinos", completou.

O diretor de Esgotos Pluviais admite que a água alcançou alguns pontos do bairro Santo Afonso pela primeira vez, mas pondera que a chuva desta semana foi muito atípica e que, quanto mais área é ocupada naquela região, menor é o espaço para a água escoar. Segundo ele, Novo Hamburgo teve 200 milímetros de chuva em pouco mais de um dia, o que representa a média histórica de dois meses.